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30/07/2003 - 23h56

Sem-teto organizam protesto em frente à Prefeitura de Curitiba

DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba

As 40 famílias sem teto que invadiram, há quase dois meses, um prédio de nove andares no centro de Curitiba (PR) organizam para esta quinta-feira, às 10h, um protesto em frente à prefeitura.

Eles querem uma audiência com o prefeito Cassio Taniguchi (PFL) para pedir que a Cohab (Companhia de Habitação de Curitiba) ajude a definir um novo local para as famílias do prédio, alvo de um mandado de reintegração de posse.

Taniguchi não irá atendê-los. Segundo sua assessoria, ele estará em Brasília para receber, por Curitiba, o título de Capital Americana da Cultura, homenagem da Câmara dos Deputados. A assessoria informou que não vai abrir exceções aos sem-teto, já que a fila de candidatos a mutuários da Cohab precisa ser respeitada.

Caso não sejam atendidos na prefeitura, os sem-teto ameaçam montar acampamento no estacionamento da sede do Executivo municipal. Para se precaver, a prefeitura obteve da Justiça liminares que impedem a invasão de prédios públicos municipais.

"Queremos agilizar uma saída com a prefeitura. Ninguém aqui vai ficar na rua", afirmou o líder da invasão, Anselmo Schwertner, 39, um dos líderes do MNLM (Movimento Nacional de Luta por Moradia), que organizou a invasão ao prédio do antigo Banestado (Banco do Estado do Paraná), comprado pelo Itaú, em 2000. O imóvel estava fechado havia dois anos.

O movimento se comprometeu, na segunda-feira, com uma comissão de mediação do governo do Estado, a encontrar um novo local para morar. Os sem-teto receberam prazo até as 18h do próximo sábado para deixar o prédio.

A ação organizada em Curitiba pelo MNLM, criado há 12 anos em Goiânia, não é a primeira neste ano no país. Em Vitória (ES), os sem-teto acamparam no sambódromo da cidade depois de invadir por um dia um prédio do INSS.

Embora tenha militantes filiados ao PT e ao PC do B, Schwertner, um ex-seminarista filho de agricultores brasiguaios, disse que o movimento procura preservar sua independência de siglas partidárias. "O movimento precisa ser assim para pressionar os governos a discutir o problema de falta de moradia e a encontrar soluções", afirmou.

Suas referências para a luta por moradia são o guerrilheiro Che Guevara e Antônio Conselheiro, o líder religioso que criou no final do século 19, em Canudos, no interior da Bahia, uma comunidade que foi massacrada pelo Exército. "Ele [Conselheiro] demonstrou ser possível a existência de outra forma de convivência comunitária", disse Schwertner.
 

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