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31/07/2003 - 19h19

Vereador do PT em São Bernardo diz que apoiará novas invasões

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha Online

O vereador do PT em São Bernardo, Aldo Santos, 49, um dos políticos mais presentes no terreno da Volkswagem invadido pelo MSTS (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no dia 19 deste mês, defende as invasões no campo e na cidade "como uma forma legítima de pressionar o poder público". Ele disse que apoiará novas invasões. "Estaremos ao lado dos trabalhadores, seja no meio rural ou urbano", afirmou.

Um dos fundadores do PT , Santos, que está em seu quarto mandato de vereador, também é crítico da reforma da Previdência que tramita no Congresso e da política econômica do governo Lula. Formado em filosofia, ele pertence à tendência minoritária ALS (Avanço à Luta Socialista), uma das mais radicais do partido.

Folha Online - O apoio ao MSTS é um apoio pessoal ou oficial do PT?
Aldo Santos -
É um apoio político e pessoal meu, mas também é um apoio do PT de São Bernardo do Campo. A bancada de vereadores e alguns deputados do ABC indicam um apoio do partido.

Folha Online- Por que o senhor apóia as invasões?
Santos
- Apóio porque é um movimento legítimo. As pessoas estão há anos, em São Bernardo do Campo, esperando por uma política habitacional e essa política não vem. O déficit é de 50 mil moradias na cidade.

Folha Online - O senhor está dizendo que as invasões são a melhor forma de pressionar o governo nas questões da habitação e da reforma agrária?
Santos
- Eu entendo que a ocupação é o último recurso diante da ausência de resposta do poder público, tanto no campo quanto na cidade. É igual a uma greve quando se esgota ou quando não se têm respondidas as demandas sociais, as políticas sociais concretas em relação às necessidades da população.

Folha Online - Mas a invasões não desestabilizam o governo Lula, que é do seu partido?
Santos
- Eu não tenho essa leitura. O que eu compreendo é que a população vive há mais de 500 anos reprimida por políticas autoritárias ao longo da nossa história. Nós elegemos Lula para participar das prioridades das agendas objetivas. O MST e o MTST estão pautando com agendas a sociedade, que são agendas das demandas sociais, como o programa Fome Zero. Eu entendo que eles estão contribuindo com o governo na medida em que é melhor ter um movimento organizado do que ter ações sem a menor articulação, sem o menor debate, sem a menor consistência. Não é incompatível com a história do PT, com o governo Lula, a organização popular. Isso faz parte da dinâmica e da expectativa pela qual Lula foi eleito.

Folha Online - O senhor pretende dar apoio a futuras invasões do MTST?
Santos
- Eu pretendo continuar na minha luta ao lado dos trabalhadores. Se outro movimento se apresentar e tiver uma linha programática séria e se as suas ações se dêem nesse campo, sem aventuras, nós estaremos ao lado dos trabalhadores, seja no meio rural ou urbano.

Folha Online - As invasões não podem levar à construção de mais favelas sem uma estrutura adequada, sem saneamento básico, enfim, isso não seria uma forma de perpetuar a situação de miséria dessa gente?
Santos
- Eu não vejo isso. Grande parte dos movimentos, como é o caso do MTST, não trabalham com a perspectiva de construir mais um núcleo habitacional de condições precárias. Essa pessoas têm a expectativa de conquistar áreas e a partir daí desenvolver um projeto que dê conta de uma condição digna e própria da classe trabalhadora.

Folha Online - Como o senhor vê a proposta de reforma da Previdência?
Santos
- Eu sou favorável que haja a reforma, mas esse modelo proposto traz dificuldades para os trabalhadores, por isso eu sou contra.

Folha Online - E a política econômica do governo Lula?
Santos
- A política econômica do governo Lula precisa de mudanças. Os rumos da economia do país precisam ser mudados. Não é possível continuarmos na situação que vivemos hoje. É preciso priorizar as demandas sociais.

Folha Online - Mas o presidente Lula justifica as medidas econômicas em nome da justiça social.
Santos
- Eu trabalhei para que o presidente Lula fosse eleito para haver reversão de prioridades no país. Ao invés de se atender os caprichos do mercado financeiro, dos banqueiros. Seria necessário atender às demandas sociais, que são gritantes. É necessário dar uma retomada no processo pela perspectiva das pessoas empobrecidas. A política e a economia têm que se voltar para essas questões emergenciais.

Folha Online - O senhor se considera um "radical"?
Santos - Eu me considero uma pessoa que tem compromissos com os pobres do sistema capitalista. Eu me defino como alguém que defende as lutas sociais. Se isso significa ser radical, eu me considero radical porque a própria etmologia da palavra radical significa ir à raiz dos problemas. Eu me considero radical a partir dessa posição.

Folha Online - O senhor concorda com a posição política dos deputados Babá (PA) e Luciana Genro (RS) e da senadora Heloisa Helena (AL)?
Santos
- Eu tenho concordância com grande maioria das propostas que eles defendem.

Folha Online - Há alguma liderança nacional na sua corrente "Avanço à Luta Socialista"?
Santos - A ALS não é uma uma corrente credenciada nem oficial, mas temos representatividade no ABC e na capital. Para preservar os colegas eu não posso revelar os nomes.

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