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01/08/2003 - 21h43

Gays rebatem texto do Vaticano e prometem abandonar o batismo

LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

Inconformado com o teor do documento lançado pelo Vaticano, que condena o casamento entre pessoas do mesmo sexo e classifica o homossexualismo como desvio e ameaça à sociedade, o GGB (Grupo Gay da Bahia) lançou hoje uma campanha em defesa da apostasia --pedido de negação do batismo.

"Vamos encaminhar cartas às dioceses, às igrejas e ao Vaticano dizendo que não queremos e não aceitamos mais o sacramento do batismo", disse o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, 34.

Segundo Cerqueira, a Igreja Católica "não tem moral para condenar o casamento entre homossexuais." "Há centenas de padres, bispos e cardeais envolvidos em pedofilia e escândalos sexuais em todo o mundo."

Aprovado pelo papa João Paulo 2º, o documento "Considerações sobre as propostas de reconhecimento legal das uniões entre homossexuais" foi elaborado pela Congregação da Doutrina da Fé, comandada pelo cardeal Joseph Ratzinger.

"Para nós, homossexuais, o cardeal Ratzinger, Adolf Hitler [ditador alemão] e Joseph Stálin [ditador russo] são a mesma coisa, ou seja, legítimos comandantes de uma campanha caluniosa contra as minorias, homens que aperfeiçoaram as técnicas de tortura e perseguição."

De acordo com o presidente do GGB, os endereços de todas as dioceses brasileiras serão colocados na internet, no site do grupo. "Também vamos divulgar os endereços em todas as publicações destinadas aos homossexuais."

Além do pedido de negação do batismo, os homossexuais baianos prometem outra reação contra o documento divulgado pelo Vaticano. "Vamos queimar o documento em frente às dioceses na próxima segunda-feira."

Pela programação divulgada hoje, o documento será queimado à tarde, no Terreiro de Jesus (centro histórico), onde se localizada a Catedral Basílica de Salvador.

Marcelo Cerqueira disse também que o GGB já encomendou a tradução do documento divulgado pelo Vaticano --originalmente escrito em italiano-- para português, inglês, francês, alemão, espanhol e inglês.

"Nossa intenção é distribuir o documento em todos os pontos turísticos de Salvador e do Brasil. Não queremos dar trégua no combate aos inquisidores disfarçados de padres, bispos e cardeais que moram no Vaticano."

Ao mesmo tempo em que combate o documento da Igreja Católica, o GGB também está concluindo um levantamento contendo os nomes dos padres, bispos e cardeais envolvidos em escândalos sexuais.

"Vamos colocar na internet os nomes e os crimes cometidos por todos eles para que a sociedade saiba que a Igreja Católica está completamente desmoralizada."

Para Marcelo Cerqueira, a recomendação do Vaticano estimula a violência contra os homossexuais. "Nos últimos 40 anos, aproximadamente 1.800 homossexuais foram assassinados e torturados no Brasil. Os fanáticos religiosos, que seguem à risca tudo o que o Vaticano diz, agora têm mais uma arma para empregar contra a nossa minoria."
 

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