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14/08/2003 - 20h38

Sogro de juiz tenta agredir acusado durante reconstituição de crime

CRISTIANO MACHADO
da Agência Folha, em Presidente Prudente

O sogro do juiz-corregedor Antônio José Machado Dias, 47, o comerciante Geraldo Escher, 52, tentou agredir um dos acusados de envolvimento no assassinato do magistrado, o assaltante Ronaldo Dias, o Chocolate, 26, hoje de manhã, em Presidente Prudente (565 km a oeste de São Paulo).

Chocolate participava da reconstituição do crime. Escher se dirigiu a ele por trás, segurou em seu ombro esquerdo e, de forma ríspida, quase encostou no rosto uma foto de Machado Dias da lembrança da missa de sétimo dia.

''Olha aqui quem você matou, você destruiu uma família'', disse, chorando, o comerciante, logo contido por policiais civis e militares.

No início da reconstituição, Escher afirmou que estava ''se segurando'' para não agredi-lo e disse estar revoltado com a ''frieza'' do acusado naquele momento.

''Ele está contando o crime como se estivesse contando um passeio. Isso é revoltante'', afirmou. Hoje completa cinco meses que o juiz foi assassinado.

Reconstituição

Chocolate, com algemas nas mãos e correntes nos pés, demonstrou tranquilidade em todo o tempo. Em alguns momentos, sorriu e reclamou de fome a um delegado.

A reconstituição do crime durou quase três horas e mobilizou forte aparato policial. Oito ruas que davam acesso ao trajeto utilizado pelos criminosos foram interditadas. No fórum, de onde iniciaram os trabalhos da perícia da Polícia Civil, as primeiras audiências tiveram de ser transferidas para o final da manhã.

Ronaldo Dias relatou à polícia detalhes de sua participação no crime. De acordo com suas descrições, ele teria atuado antes e depois do crime, dando suporte aos supostos responsáveis diretos pelo assassinato: Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, 24, acusado de ter dado os disparos, e Adilson Daghia, o Di ou Ferrugem, 34, que estavam num Fiat Uno com placas ''clonadas'' usado para interceptar o carro do juiz.

Ainda segundo Chocolate, utilizando um veículo Gol, seu trabalho foi de acenar aos outros dois acusados no momento em que o juiz deixava o fórum e ''escoltá-lo'' até o local da morte, a 300 m do fórum, na rua José Maria Armond, número 80.

Com o carro à frente do veículo do magistrado, ele dirigia a cerca de 30 km/h, impedindo a ultrapassagem, e para que Daghia e Funchal se preparassem para a ação.

Enquanto o magistrado era morto, Chocolate disse que aguardava Di e Funchal a 300 m, em frente de uma escola estadual, onde combinaram de se encontrar. O momento da morte não foi reconstituído porque Chocolate não teve participação.

Nesse momento, segundo Chocolate, os responsáveis pelo assassinato abandonaram o Uno e, tranquilamente, entraram no Gol dirigido por Chocolate, de onde fugiram para São Paulo.

Para a delegada que preside o inquérito em Presidente Prudente, Ieda Filgueiras, a reconstituição feita por Chocolate ''reforça o trabalho de investigação''. ''Coincide com as provas colhidas.''

''Não teria sido a primeira vez que teriam tentado matar o juiz Machado. Entretanto, a participação dele (Chocolate) é mais recente'', disse Filgueiras. Ainda de acordo com a delegada, o grupo responsável pelo crime teria recebido a ordem seis meses antes do assassinato.

Mandante

Em depoimento, Chocolate manteve a versão contada no Deic, em São Paulo, que a ordem partiu de José Eduardo Moura da Silva, o Bandejão, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), morto em maio, no presídio de Iaras (SP), de quem devia dois quilos de cocaína.

Questionado sobre o temor de ser vítima de algum atentado na prisão, o acusado foi sucinto: ''Não temo nada''. Chocolate continuará preso em Presidente Prudente por mais alguns dias. Ele não estava acompanhado de advogados.

Juiz

Considerado rígido em suas decisões, Antônio José Machado Dias foi morto com três tiros de pistola 9mm ao deixar o fórum de Presidente Prudente no início da noite de 14 de março.

Como corregedor de execuções penais, ele era responsável por julgar benefícios e acompanhar o cumprimento da pena de detentos de sete presídios da região.
 

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