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15/08/2003 - 04h00

Presidente do Transurb depõe e diz ter lapso de memória

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

O presidente do Transurb (sindicato das empresas de ônibus de São Paulo), José Sérgio Pavani, deixou de responder, durante depoimento à Polícia Federal, a uma série de perguntas relativas ao inquérito que investiga um suposto esquema de pagamento de propinas a sindicalistas do setor para forjar greves na capital paulista.

Momentos antes de ser interrogado, ontem de manhã, Pavani entregou à PF dois laudos médicos alegando que poderia ter lapsos eventuais de memória em razão de medicamentos utilizados.

Segundo Wagner Castilho, delegado da PF, ele não soube especificar, por exemplo, a origem dos rendimentos do Transurb. Também não teria sabido dar detalhes sobre intervenções feitas pela prefeitura em empresas de ônibus. Mas negou a existência de propinas e manipulação de greves.

"Não se pode fazer juízo de valor sobre um laudo médico. Entretanto, é no mínimo conveniente que uma pessoa, prestes a ser interrogada, apresente um laudo médico atestando que, eventualmente, tem lapsos de memória", disse Castilho, que não informou a doença e os remédios citados sob a alegação de que não poderia expor a vida do empresário.

O depoimento de Pavani, que também é dono da viação Tupi, durou mais de três horas e aconteceu dois meses depois do interrogatório de Romero Teixeira Niquini -único empresário que já havia sido ouvido oficialmente pela PF nas investigações da chamada "máfia do transporte".

Essas investigações, que tiveram a participação dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, levaram 18 dirigentes sindicais à prisão desde maio --17 dos quais foram soltos para responder em liberdade. Eles foram acusados, entre outros crimes, de formação de quadrilha armada e paralisação de trabalho mediante violência.

O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, Edivaldo Santiago, segue preso por também ser acusado de homicídio em Guarulhos (Grande SP).

O delegado Castilho nega que a PF tenha poupado os empresários de ônibus das investigações. Diz que os últimos dois meses foram uma fase "para a confecção de laudos periciais para conferir a autenticidade de documentos recolhidos no começo". Afirma ainda que os interrogatórios continuarão nos próximos dias.

O presidente do Transurb teria dito várias vezes "não me lembro" e "assunto encerrado". Teria afirmado ainda que a receita da entidade vinha do gerenciamento de contratos, como os dos planos de saúde das viações, mas sem dar detalhes. "É muito vago", afirmou Castilho, para quem as respostas do empresário foram "evasivas".

O delegado da PF não soube dizer ontem à imprensa a idade de Pavani, que, procurado pela Folha, informou que não se manifestaria. Ele teria 60 ou 61 anos.

Sigilo bancário

A PF também ouviu anteontem José Dias Trigo, presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de São Paulo. Ele era ligado a Edivaldo Santiago e a José Carlos de Sena --também preso sob a acusação de participar da morte de um sindicalista em Guarulhos.

Trigo disponibilizou a abertura de seu sigilo bancário. Segundo Castilho, ele tentou se desvincular dos sindicalistas que foram presos. Ele foi convocado pela PF por ter o nome citado na investigação.

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