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22/08/2003 - 02h48

Carro é meta de ladrões em 1/3 dos latrocínios

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GILMAR PENTEADO
ALESSANDRO SILVA

da Folha de S.Paulo

Estar próximo ou no interior do carro, à noite, num dia útil. Na capital paulista, essas circunstâncias --coincidentes ou não-- podem significar o aumento do risco de ser vítima de latrocínio (roubo com morte), segundo dados do Infocrim (sistema informatizado de ocorrências policiais).

As mortes que envolveram roubo de veículo lideram em 2003 os casos de latrocínio e até apresentam aumento proporcional em relação ao ano passado. Mas o número total de casos caiu 25,6%, de acordo com o Infocrim.

De janeiro até o começo de julho de 2003, em 33,33% dos latrocínios as vítimas estavam nas proximidades ou no interior dos carros --33 de um total de 99 crimes. No mesmo período de 2002, o carro esteve relacionado a 40 (30%) de 133 casos registrados.

Não há dados sobre o sexo das vítimas nem sobre os modelos de veículos mais comuns nesses latrocínios, mas prisões de quadrilhas mostram que os alvos preferenciais são mulheres sozinhas ao volante. Em relação aos carros, os preferidos são os importados ou modelos nacionais mais caros.

A pediatra Rosa Jimenez, 55, assassinada com um tiro no pescoço, estava dentro desse perfil: dirigia um Alfa Romeo no momento em que foi atacada na região da Vila Alpina, zona sul. Eram 8h do dia 20 de maio deste ano --18,18% dos latrocínios em 2003 ocorreram pela manhã-- quando o sinal do semáforo fechou, obrigando a médica a parar o carro atrás de um microônibus.

Dois rapazes se aproximaram e um deles bateu no vidro com a arma na mão. Segundo a polícia, assustada, a pediatra deixou o carro andar um pouco para a frente depois de perder o controle do sistema de câmbio automático. Um único tiro a atingiu no pescoço.

Casada, mãe de dois filhos, Jimenez era diretora clínica de um hospital em São Caetano do Sul (ABC Paulista).

Em um dia de semana, a mesma dupla tentou roubar um Audi em um cruzamento da região, mas foi vista por um policial à paisana, que baleou um deles. Na delegacia, D.R.S., 17, entregou o comparsa, Jorge Fernandes de Lima.

Segundo a polícia, os dois disseram que sempre atacavam em cruzamentos e que preferiam roubar mulheres que seguiam sozinhas ao volante. Os dois costumavam sair de casa cedo, pegavam ônibus e paravam em semáforos, à espera de vítimas.

No mesmo dia, só que à noite --47,47% dos casos em 2003 ocorreram das 18h às 24h--, outra mulher foi assassinada. Maria Odete do Amarante, 55, esperava a filha que voltava do trabalho, em um ponto de ônibus na região da Água Fria (zona norte).

Dirigia uma Ipanema, quando foi abordada por dois assaltantes. "Ela não parava de gritar e fazer escândalo", disse Amilton Bernardo da Silva, 22, um dos presos. Silva e Gildemar Rodrigues Sobrinho, 21, afirmaram que queriam apenas levar o carro, mas ficaram "preocupados". Amarante morreu baleada na cabeça em um matagal perto do ponto de ônibus.

"Por estarem de carro, as vítimas acham que podem escapar, o que é um erro", afirmou o delegado Manoel Camassa, titular da Delegacia de Furto e Roubo de Veículos de São Paulo.

Nota oficial

A reportagem da Folha teve acesso ao Infocrim para pesquisar os dados. Informações oficiais pedidas desde maio à Secretaria da Segurança Pública sobre as ruas mais perigosas da cidade não foram divulgadas.

Ontem, a assessoria da secretaria informou que não vai divulgar dados estatísticos além dos previstos por lei estadual.

"A Coordenadoria de Análise de Planejamento faz análise da criminalidade por solicitação dos órgãos policiais para utilização interna no planejamento de ações policiais. Não é sua atribuição fazer divulgação externa, a não ser da publicação trimestral de estatísticas previstas em lei", diz a nota oficial da secretaria.
 

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