Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/09/2003 - 04h38

Delegado é acusado de favorecer suspeito

Publicidade

da Folha de S.Paulo

O delegado da Polícia Federal Alexandre Morato Crenite deixou de cumprir mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal em um inquérito sobre contrabando de cigarros e adulteração de combustíveis que envolveriam o dono da Petrofort, o empresário Ari Natalino da Silva. O policial, que era assessor da Corregedoria da instituição em São Paulo, foi preso anteontem sob acusação de ter "trabalhado a liberdade" do empresário.

A informação consta do pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público Federal ao juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal da capital, contra Crenite, que será investigado por prevaricação, formação de quadrilha e corrupção passiva.

Por mais de 30 dias, o delegado teria ficado com os mandados "sem que tivesse efetuado qualquer diligência" em empresas e casas de pessoas ligadas a Silva.

As ordens judiciais não teriam sido cumpridas, disse o delegado, porque a PF estava de mudança para um novo prédio e ele mudaria de cargo na Corregedoria. Os mandados foram devolvidos e cumpridos por outro delegado, que, segundo o Ministério Público, encontrou as empresas fechadas e "limpas" de documentos.

Grampos telefônicos da PF do Distrito Federal, feitos na época em que esses mandados foram expedidos --entre fevereiro e março deste ano--, assim como a ordem de prisão contra Silva, levantaram suspeitas sobre Crenite.

Em um dos trechos, a atual mulher do empresário, Débora Aparecida Gonçalves, fala com o advogado Wellington Campos, que o representava, sobre a ajuda do policial. "Ele vai receber 500 mil [reais] e não está fazendo nada [para mantê-lo em liberdade]."

O advogado diz que, "se não fosse o delegado ter segurado aquelas provas na casa da Aparecida [Maria Pessuto, ex-mulher do empresário], todos estariam presos". Não se sabe se os valores foram pagos ao policial.

Em outra conversa, agora envolvendo o advogado e sua secretária, Campos a questiona sobre um fax que o delegado enviaria: a ordem de prisão recém-assinada pelo juiz da 7ª Vara contra a ex-mulher do empresário. Ela fugiu.

O delegado cumpriu a ordem de prisão contra Silva em março, quando o empresário estava internado em um hospital, onde ficou até ter sua prisão preventiva revogada, na última sexta-feira.

Em um dos diálogos, o delegado diz ao advogado do empresário que é "importante obter um canal na Justiça para resolver tudo". Os dois combinaram um encontro em um hotel da capital com um juiz, que não foi identificado.

A Folha não conseguiu localizar ontem o empresário. A advogada que o representa em um processo de sonegação, Beatriz Dias Rizzo, disse que não poderia falar sobre esse caso. Silva é investigado por evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação e formação de quadrilha, entre outros crimes.

O advogado Wellington Campos também não foi localizado ontem pela reportagem.

A assessoria da PF em São Paulo não soube informar se o delegado preso já tem advogado.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página