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10/09/2003 - 08h52

Arma é aposta para concluir caso do assassinato de Toninho do PT

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DIOGO PINHEIRO
da Folha de S.Paulo, em Campinas

Uma pistola Houger calibre nove milímetros, apreendida em junho de 2002 e que está sendo periciada há apenas uma semana pela Polícia Civil, é apontada pelo Ministério Público Estadual como um novo elo entre o sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e o assassinato do prefeito de Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), Antonio da Costa Santos, o Toninho (PT), que completa hoje dois anos.

A arma tem o mesmo calibre do projétil que atingiu Toninho e foi apreendida com o cunhado de Andinho Rainer Bernardino de Seixas, irmão de Luciane Bernardino de Seixas, mulher do sequestrador que é o principal acusado no processo sobre o assassinato.

A arma de onde partiu o disparo que matou o prefeito ainda não foi encontrada pela polícia.

A pistola apreendida com Seixas é mais uma arma que será periciada. Entretanto é a primeira encontrada com uma pessoa que teria um contato mais próximo com o sequestrador.

"A Promotoria não precisa da arma para acusar ninguém, mas se tivermos mais esse elemento como prova, será bom. Tendo em vista que, desde a morte do prefeito, todas as armas nove milímetros apreendidas em Campinas foram periciadas, e essa ainda não foi, nós entendemos que ela deveria ser analisada para que não haja dúvidas", afirmou o promotor Fernando Vianna.

Passados 15 meses da denúncia feita pelo Ministério Público, o juiz do Tribunal do Júri, José Henrique Torres, ainda aguarda a conclusão de laudos que estão sendo elaborados pelo IC (Instituto de Criminalística), de Campinas, para definir o destino do processo criminal.

Há duas semanas, Torres concluiu a fase em que foram ouvidas as testemunhas. O processo já acumula 18 volumes, com cerca de 300 páginas cada um.

Além do exame de balística da arma apreendida com Seixas, o IC ainda terá de realizar uma simulação da morte do prefeito e uma nova perícia no Vectra prata que teria sido utilizado pelos supostos assassinos de Toninho.

A reconstituição do crime seria inviável devido às obras que foram feitas nas proximidades da avenida Mackenzie, próximo ao shopping Iguatemi, onde Toninho foi morto.

Segundo a denúncia da Promotoria, ele foi morto por ter atrapalhado a fuga da quadrilha de Andinho, depois de uma tentativa frustrada de sequestro.

Após a elaboração dos laudos, que não têm prazo para ser concluídos, e as alegações finais da acusação e da defesa, o destino do processo será definido.

Andinho pode ser pronunciado (ser julgado por um júri popular), impronunciado (processo arquivado por falta de provas) ou absolvido sumariamente. O crime de homicídio ainda pode ser desclassificado pela Justiça.

"O caminho é que ele seja pronunciado, porque há provas da materialidade e indícios da autoria. Se ele não for pronunciado, a Promotoria vai recorrer", disse o promotor Fernando Vianna.

O principal elo da morte de Toninho com a quadrilha de Andinho é uma perícia feita em dois projéteis, um extraído da arma nove milímetros que matou o prefeito, e um outro encontrado no bairro Nova Campinas.

"Esse projétil foi encontrado em um sequestro. Na confrontação foi constatado que os tiros foram efetuados pela mesma arma de fogo. Além disso, a quadrilha do Andinho confessa o sequestro", afirmou Vianna.

Para o defensor público de Andinho, Silvio Arthur Dias da Silva, que nega as acusações, o réu deve ser pronunciado pelo juiz.

"Para que o réu seja julgado pelo júri não há necessidade de uma prova cabal, basta um indício. Eu tenho um certo receio de que, pelos indícios apresentados pela acusação, ele deverá ser pronunciado. Eu acho que, sob uma ótica estritamente da lei, ele devia ser impronunciado e o processo, arquivado", declarou Silva.

O defensor público disse ainda que não há provas de que Andinho estivesse dentro do Vectra prata e de que ele tivesse efetuado o disparo contra o prefeito.

Para a viúva de Toninho, Roseana Garcia, a Polícia Civil ignorou ou investigou de maneira superficial o caso. A denúncia da Promotoria foi feita com base nas apurações do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa). "O assassinato foi encomendado. Ele [Toninho] contrariava interesses", disse Garcia.
 

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