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12/09/2003
-
02h56
da Folha de S.Paulo
Mais de cem policiais, entre civis, militares e federais, estariam ligados ao homem apontado como o maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, conhecido como Lobão, segundo investigação do Ministério Público Federal revelada ontem pelo Jornal Nacional. Lobão foi preso na semana passada em São Paulo.
De acordo com a apuração da Procuradoria da República do Distrito Federal, um grupo de PMs seria responsável por escoltar as carretas de cigarros contrabandeados que chegavam ao Estado. Policiais civis e federais cuidariam da proteção pessoal de Lobão e dos depósitos usados pela quadrilha como entrepostos de distribuição.
Silva, que usava um escritório no centro de São Paulo, teria ligações com fábricas de cigarros do Paraguai e dominaria o comércio de cigarros clandestinos. O esquema montado por ele estaria faturando cerca de US$ 2 milhões por semana, conforme estimativa do Ministério Público Federal.
Pelo menos 30 policiais trabalhariam para ele na zona oeste e no centro da capital, outros dez na zona norte, mais 20 na região leste e 20 na zona sul. Outros 25 cuidariam da proteção pessoal dele. Eles estão sendo investigados, e os nomes não foram divulgados.
O esquema foi descoberto a partir de interceptações telefônicas pedidas pela Procuradoria da República à Justiça Federal, em Brasília, a partir de dezembro do ano passado. A Polícia Rodoviária Federal realizou as escutas.
Informações dessa apuração levaram à prisão, nesta semana, do delegado Alexandre Morato Crenite, da Corregedoria da Polícia Federal, que teria ligações com o empresário Ari Natalino da Silva, dono da Petroforte, investigado por adulteração de combustíveis, evasão de divisas, sonegação fiscal, contrabando de cigarros e formação de quadrilha.
O delegado teria recebido R$ 500 mil para "trabalhar" a liberdade do empresário, a quem deveria investigar. Ontem, segundo a assessoria da Polícia Federal de São Paulo, ele ainda não havia constituído advogado.
Segundo o Ministério Público, o delegado teria deixado de cumprir mandados de busca e apreensão, entre outros "serviços".
Operação
Lobão acabou detido no último dia 3, em uma operação da Polícia Federal em São Paulo, que envolveu policiais de outros Estados.
No mesmo dia, outras quatro pessoas foram detidas, entre elas um irmão de Lobão.
Na ação, a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços que seriam usados pela quadrilha no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Ceará e na Paraíba.
Entre os documentos apreendidos nesses locais estariam pistas do envolvimento de juízes, policiais e políticos ligados ao esquema do suposto contrabandista.
Segundo o procurador da república Guilherme Schelb, que coordenou a investigação, a quadrilha vinha agindo desde 1977. "Jamais tivemos contato com uma realidade em que tantos servidores públicos integravam efetivamente o crime organizado", afirmou Schelb ao Jornal Nacional.
Gravações telefônicas em que policiais paulistas aparecem falando sobre valores e serviços prestados integram a apuração da Procuradoria da República.
Polícia
Por meio de nota, divulgada ontem à noite, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que pedirá informações à Justiça Federal sobre as denúncias de suposta participação de policiais no esquema de contrabando e que será aberto inquérito para investigar o caso.
"A Secretaria da Segurança não foi informada sobre as denúncias, apesar de ter tido o conhecimento de que o procurador Guilherme Schelb esteve em São Paulo, onde teria afirmado a outras autoridades que qualquer investigação envolvendo policiais paulistas seria feita com a participação da secretaria", afirma o texto.
O procurador não foi encontrado ontem à noite pela Folha para falar sobre o caso.
Apuração liga 100 policiais a contrabandista
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Mais de cem policiais, entre civis, militares e federais, estariam ligados ao homem apontado como o maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, conhecido como Lobão, segundo investigação do Ministério Público Federal revelada ontem pelo Jornal Nacional. Lobão foi preso na semana passada em São Paulo.
De acordo com a apuração da Procuradoria da República do Distrito Federal, um grupo de PMs seria responsável por escoltar as carretas de cigarros contrabandeados que chegavam ao Estado. Policiais civis e federais cuidariam da proteção pessoal de Lobão e dos depósitos usados pela quadrilha como entrepostos de distribuição.
Silva, que usava um escritório no centro de São Paulo, teria ligações com fábricas de cigarros do Paraguai e dominaria o comércio de cigarros clandestinos. O esquema montado por ele estaria faturando cerca de US$ 2 milhões por semana, conforme estimativa do Ministério Público Federal.
Pelo menos 30 policiais trabalhariam para ele na zona oeste e no centro da capital, outros dez na zona norte, mais 20 na região leste e 20 na zona sul. Outros 25 cuidariam da proteção pessoal dele. Eles estão sendo investigados, e os nomes não foram divulgados.
O esquema foi descoberto a partir de interceptações telefônicas pedidas pela Procuradoria da República à Justiça Federal, em Brasília, a partir de dezembro do ano passado. A Polícia Rodoviária Federal realizou as escutas.
Informações dessa apuração levaram à prisão, nesta semana, do delegado Alexandre Morato Crenite, da Corregedoria da Polícia Federal, que teria ligações com o empresário Ari Natalino da Silva, dono da Petroforte, investigado por adulteração de combustíveis, evasão de divisas, sonegação fiscal, contrabando de cigarros e formação de quadrilha.
O delegado teria recebido R$ 500 mil para "trabalhar" a liberdade do empresário, a quem deveria investigar. Ontem, segundo a assessoria da Polícia Federal de São Paulo, ele ainda não havia constituído advogado.
Segundo o Ministério Público, o delegado teria deixado de cumprir mandados de busca e apreensão, entre outros "serviços".
Operação
Lobão acabou detido no último dia 3, em uma operação da Polícia Federal em São Paulo, que envolveu policiais de outros Estados.
No mesmo dia, outras quatro pessoas foram detidas, entre elas um irmão de Lobão.
Na ação, a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços que seriam usados pela quadrilha no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Ceará e na Paraíba.
Entre os documentos apreendidos nesses locais estariam pistas do envolvimento de juízes, policiais e políticos ligados ao esquema do suposto contrabandista.
Segundo o procurador da república Guilherme Schelb, que coordenou a investigação, a quadrilha vinha agindo desde 1977. "Jamais tivemos contato com uma realidade em que tantos servidores públicos integravam efetivamente o crime organizado", afirmou Schelb ao Jornal Nacional.
Gravações telefônicas em que policiais paulistas aparecem falando sobre valores e serviços prestados integram a apuração da Procuradoria da República.
Polícia
Por meio de nota, divulgada ontem à noite, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que pedirá informações à Justiça Federal sobre as denúncias de suposta participação de policiais no esquema de contrabando e que será aberto inquérito para investigar o caso.
"A Secretaria da Segurança não foi informada sobre as denúncias, apesar de ter tido o conhecimento de que o procurador Guilherme Schelb esteve em São Paulo, onde teria afirmado a outras autoridades que qualquer investigação envolvendo policiais paulistas seria feita com a participação da secretaria", afirma o texto.
O procurador não foi encontrado ontem à noite pela Folha para falar sobre o caso.
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