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23/09/2003 - 00h01

Ibirapuera consolidou o moderno na arquitetura

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LUIZ CAVERSAN
da Folha de S.Paulo

O começo da década de 50 foi profícuo para o arquiteto Carlos Lemos. Apesar de ter pouco mais que 20 anos, chefiava o escritório paulistano do carioca Oscar Niemeyer. E foi nessa condição que ele participou do então revolucionário projeto de construção do parque Ibirapuera, o marco dos 400 anos da cidade de São Paulo e que chega aos 50 anos em 2004 como um dos principais símbolos urbanísticos paulistanos.

Segundo Lemos, 78, Niemeyer foi chamado a assumir o projeto pelo presidente da comissão dos festejos do 4º Centenário de São Paulo, Ciccilo Matarazzo, depois que ocorreu uma desavença com o Instituto dos Arquitetos do Brasil quanto aos honorários.

Folha Imagem

O prédio da Oca, em construção, no começo
dos anos 50

"Niemeyer topou com a condição de trabalhar com profissionais de São Paulo. Mas ele trouxe praticamente tudo pronto do Rio. A gente apenas elogiava..."

A equipe composta por Eduardo Kneese de Mello, Hélio Uchôa Cavalcanti, Marinho Estelita, Zenon Lotufo e Carlos Lemos elogiava, mas também dava duro para dar conta da ousada iniciativa de transformar o imenso terreno da Vila Mariana, que era nada mais que um pasto pantanoso pouco tempo antes --tanto que "ibirapuera" quer dizer "pau podre" na língua indígena.

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem

O arquiteto Carlos Lemos, um dos
realizadores do parque do Ibirapuera

"Foi um exercício de criatividade, porque não sabíamos direito para que serviriam os prédios que estávamos erguendo, de que maneira eles seriam ocupados, por quantas pessoas etc.. Haveria a feira internacional do 4º Centenário, mas, e depois? O Ciccilo só dizia que queria algo grande, monumental. Assim, o prédio da Bienal acabou ficando, em largura e extensão, maior do que a rua Barão de Itapetininga [uma das ruas do calçadão no centro de São Paulo]", afirma Lemos.

O arquiteto --que depois viria a se tornar um dos principais professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP-- ficou pessoalmente responsável pela concretização do edifício onde seria instalada a Secretaria da Agricultura. O prédio, no qual hoje funciona o Detran, posteriormente foi excluído dos limites do parque por conta do alargamento da ligação 23 de Maio/Rubem Berta.

Conforme Lemos, o projeto não enfrentou grandes obstáculos, além da sua própria grandiosidade --seis edificações, entre elas a gigantesca marquise, mais os três lagos artificiais, as ruas, os gramados e jardins.

"Dinheiro e vontade de fazer havia, o problema era o prazo", diz Lemos. De fato, o parque não ficou pronto para os festejos do aniversário da cidade, em 25 de janeiro de 1954. Acabou sendo inaugurado somente em 21 de agosto do mesmo ano.

Segundo o arquiteto, passada a animação do 4º Centenário, o afluxo da população ao parque ocorreu de forma bem lenta, principalmente por intermédio de feiras e exposições.

Apesar de três obras previstas inicialmente não terem sido levadas a cabo --um portal na entrada em frente ao obelisco, um restaurante e o teatro, este até hoje motivo de polêmica--, Lemos afirma que a concretização do conjunto teve um sentido conceitual didático: "A partir daquele momento houve a aceitação definitiva da arquitetura moderna no país. As pessoas se referiam a ela como 'Estilo Bienal'. Depois da criação do Ibirapuera, nenhuma outra obra pública ignorou o moderno na arquitetura".

A história de São Paulo será contada por personagens que a viveram nesta nova seção, "Eu Estava Lá", dedicada aos 450 anos da cidade.

Todas as terças-feiras um novo personagem recordará sua vivência em algum episódio importante para São Paulo e sua população, em reportagens publicadas no caderno Cotidiano da Folha de S.Paulo e na Folha Online.

Se você presenciou ou conhece pessoas que participaram de marcos da história paulistana, clique aqui para enviar sua sugestão.


Especial
  • São Paulo, 450
  •  

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