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19/10/2003
-
03h32
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) registrou os maiores números de peças sacras roubadas em Minas Gerais em 1994 (com 74 obras) e em 2003 (65), datas que marcam o início das investigações e a desarticulação da principal quadrilha do país especializada nesse tipo de crime.
Quem assim classifica o grupo --e assegura para breve sua dissolução-- é o delegado federal Tadeu de Moura Gomes, chefe da representação da Interpol no Estado. Ele coordenou a apreensão, em agosto, de 128 peças (a contagem do Iphan, mais detalhista, somou 152) em quatro antiquários e em uma casa em São Paulo.
Parte do material apreendido estava na casa e no ateliê do restaurador José Thimotheo Gonçalves, 73, que foi preso. Segundo a Procuradoria da República em Minas Gerais, trata-se de pessoa "de grande trânsito" entre colecionadores, "peça chave para o êxito da ação criminosa". Ainda em São Paulo, em setembro, a PF prendeu Rosa Maria Granchi, 48, acusada de pertencer à quadrilha.
Completam o grupo, segundo a PF: o ex-policial civil Daniel Toledo da Silva, o Samuca, 48, Clarice Melhado de Luna Cabral, 46, Walter Antônio Gomes, 50 --todos foragidos da Justiça-- e Marcos Machado, o Maguila, 42, que cumpre pena por furto de obras sacras em Franco da Rocha (SP).
A quadrilha começou a ser investigada pela Delegacia Regional de São João Del Rei (MG) em 1994, após roubo na vizinha Tiradentes (MG). No mesmo ano, segundo a PF, participaram do roubo de 20 peças do Museu Regional do Sul de Minas, em Campanha.
As primeiras prisões foram em abril de 1998. Machado e Gomes --que é irmão de Granchi-- foram detidos após tentativa de roubo em igreja de Mariana (MG). Machado confessou ter furtado 136 peças em igrejas de MG, ES, PR, SC e SP. Citou Gonçalves como um dos compradores, cuja participação no grupo ainda não era clara para a PF.
Àquela época --e desde então foragidos-- Silva, Cabral e Granchi já eram acusados de pertencer à quadrilha. Após a ofensiva, os registros do Iphan de furtos em igrejas de Minas diminuíram para cinco em 1998 e três em 1999. Segundo o Ministério Público, o grupo reiniciou os crimes a partir de fevereiro de 2000, depois da fuga de Gomes da penitenciária de Governador Valadares (MG).
A PF em Minas voltou ao caso em janeiro deste ano, por causa de uma onda de assaltos em igrejas do Estado. Segundo o delegado Tadeu Gomes, a PF já sabe a cidade do litoral paulista onde estão escondidos Silva e Cabral, faltando pouco para as prisões. Só não há informações precisas sobre o paradeiro de Gomes.
À Justiça, no último dia 26, Granchi negou todas as acusações. Afirmou que nunca esteve em cidades históricas de Minas.
O mesmo disse Gonçalves. Segundo um de seus advogados, José Oswaldo de Paula Santos, o restaurador "nunca foi membro de quadrilha nenhuma". O advogado classificou ainda de "absurda" e "arbitrária" a apreensão de agosto. "Estão acabando com a vida dele", disse. Os defensores dos demais acusados não foram localizados pela reportagem.
Prisões desarticulam quadrilha de Minas Gerais
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da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) registrou os maiores números de peças sacras roubadas em Minas Gerais em 1994 (com 74 obras) e em 2003 (65), datas que marcam o início das investigações e a desarticulação da principal quadrilha do país especializada nesse tipo de crime.
Quem assim classifica o grupo --e assegura para breve sua dissolução-- é o delegado federal Tadeu de Moura Gomes, chefe da representação da Interpol no Estado. Ele coordenou a apreensão, em agosto, de 128 peças (a contagem do Iphan, mais detalhista, somou 152) em quatro antiquários e em uma casa em São Paulo.
Parte do material apreendido estava na casa e no ateliê do restaurador José Thimotheo Gonçalves, 73, que foi preso. Segundo a Procuradoria da República em Minas Gerais, trata-se de pessoa "de grande trânsito" entre colecionadores, "peça chave para o êxito da ação criminosa". Ainda em São Paulo, em setembro, a PF prendeu Rosa Maria Granchi, 48, acusada de pertencer à quadrilha.
Completam o grupo, segundo a PF: o ex-policial civil Daniel Toledo da Silva, o Samuca, 48, Clarice Melhado de Luna Cabral, 46, Walter Antônio Gomes, 50 --todos foragidos da Justiça-- e Marcos Machado, o Maguila, 42, que cumpre pena por furto de obras sacras em Franco da Rocha (SP).
A quadrilha começou a ser investigada pela Delegacia Regional de São João Del Rei (MG) em 1994, após roubo na vizinha Tiradentes (MG). No mesmo ano, segundo a PF, participaram do roubo de 20 peças do Museu Regional do Sul de Minas, em Campanha.
As primeiras prisões foram em abril de 1998. Machado e Gomes --que é irmão de Granchi-- foram detidos após tentativa de roubo em igreja de Mariana (MG). Machado confessou ter furtado 136 peças em igrejas de MG, ES, PR, SC e SP. Citou Gonçalves como um dos compradores, cuja participação no grupo ainda não era clara para a PF.
Àquela época --e desde então foragidos-- Silva, Cabral e Granchi já eram acusados de pertencer à quadrilha. Após a ofensiva, os registros do Iphan de furtos em igrejas de Minas diminuíram para cinco em 1998 e três em 1999. Segundo o Ministério Público, o grupo reiniciou os crimes a partir de fevereiro de 2000, depois da fuga de Gomes da penitenciária de Governador Valadares (MG).
A PF em Minas voltou ao caso em janeiro deste ano, por causa de uma onda de assaltos em igrejas do Estado. Segundo o delegado Tadeu Gomes, a PF já sabe a cidade do litoral paulista onde estão escondidos Silva e Cabral, faltando pouco para as prisões. Só não há informações precisas sobre o paradeiro de Gomes.
À Justiça, no último dia 26, Granchi negou todas as acusações. Afirmou que nunca esteve em cidades históricas de Minas.
O mesmo disse Gonçalves. Segundo um de seus advogados, José Oswaldo de Paula Santos, o restaurador "nunca foi membro de quadrilha nenhuma". O advogado classificou ainda de "absurda" e "arbitrária" a apreensão de agosto. "Estão acabando com a vida dele", disse. Os defensores dos demais acusados não foram localizados pela reportagem.
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