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28/10/2003 - 21h22

Polícia encontra meninas se prostituindo em flutuante no AM

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

Três adolescentes, com idades entre 12 anos e 17 anos, foram resgatadas hoje da prostituição no flutuante Aquático, um bar improvisado num barracão construído em cima de uma plataforma de madeira, que flutua no rio Negro, Manacapuru (AM).

Em fevereiro, dez meninas de 13 anos a 17 anos foram retiradas do mesmo flutuante por agentes da Delegacia Especializada na Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente, que combate a exploração sexual, mas o dono do bar não chegou a ser indiciado.

Hoje, a delegada Graça Silva decidiu convocá-lo e a um proprietário de um motel para prestar esclarecimentos, depois que ouviu os depoimentos das garotas. Há indícios de favorecimento à prostituição.

Pontos de prostituição

Os flutuantes estão ancorados em portos clandestinos nas localidades do Tarumã, na zona oeste, Puraquequera e Colônia Antônio Aleixo, na zona leste, e em cidades próximas a Manaus. Nos fins de semana, os donos desses flutuantes contratam grupos de forró e boi-bumbá para atrair os clientes. Muitos deles ancoram suas embarcações, algumas lanchas luxuosas, para contratar garotas. Os programas variam entre R$ 20 e R$ 300.

Segundo a delegada Graça Silva, só uma operação "sem trégua" poderá acabar com a exploração sexual nesses flutuantes, uma vez que são os donos dos bares que facilitam a exploração das menores.

De acordo com a delegada, é necessário o apoio inclusive do Judiciário. Uma portaria baixada pelo Juizado da Infância e Juventude de Manaus permite que menores de 18 frequentem bares e restaurantes, acompanhadas de responsáveis. "Há casos em que própria mãe prostitui a filha", disse Silva.

O Programa Sentinela, que dá apoio psicológico e de assistência social a meninas e meninos vítimas de violência sexual, atendeu neste ano 84 casos de prostituição infantil, em Manaus.

Desaparecida

Uma das garotas resgatadas no flutuante Aquático, A.F.V., 14, era dada como desaparecida desde março pela família. No depoimento, ela afirmou que começou a fazer programas em companhia das amigas K.C.V.R., 12, e K.V.R., 17, que são irmãs. Durante a semana o ponto de encontro era na avenida Brasil, na zona oeste de Manaus. Nos fins de semana no flutuante Aquático, em Manacapuru, no distrito Cacau Pirera.

"Só saímos de lá [do flutuante] quando encerra a atividade. Os programas, fazemos num motel, em Manaus. É só atravessar o rio", disse A., que negou entregar parte do dinheiro para o dono do motel ou do flutuante.

Ela disse que fugiu de casa porque não tinha liberdade. "Ela [A.] fugiu para perambular nas ruas. Prestei queixa na polícia e andava com uma fotografia dela pois não tinha o seu paradeiro", disse a mãe da garota, Roselane de Freitas.

K.C. disse no depoimento que fazia até três programas por noite com homens que frequentam o flutuante. Afirmou que os pais não sabiam de seu envolvimento com a prostituição. "Faço até três programas por noite, cada um a R$ 20. Os clientes chegam, e a gente se oferece", afirmou.

Segundo K.V. com o dinheiro que ganham com os programas é gasto em roupas e sapatos. Hoje, K.C. e K.V. foram entregues à mãe. A. continua detida na delegacia porque sua família ainda procura uma instituição para abrigá-la. "Se ela voltar para casa vai fugir de novo, porque a prostituição, para ela, virou o caminho mais fácil de ganhar dinheiro", disse a delegada Graça Silva.
 

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