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28/08/2000 - 10h48

Garoto de 10 anos que sabe matemática avançada vende picolés em Goiás

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da Folha de S.Paulo

Em março deste ano, a Folha contou a história de Pedro Dão dos Santos, um garoto de 10 anos que faz cálculos matemáticos complexos de cabeça em São João D'Aliança, em Goiás. Cinco meses depois da publicação da matéria, apesar de ter ido até em programas de televisão, Pedro continua vendendo picolés no único posto de gasolina da cidade.

"É um desperdício o Pedro perder o tempo dele aqui no posto. Ele devia estar estudando matemática avançada e não vendendo picolé", diz Constante Tobio Portela, o proprietário do posto.

A situação financeira da família de Pedro melhorou nos últimos meses. Ele chegou a vir para São Paulo, onde participou do programa do Gugu e ganhou vários prêmios, como computadores, máquinas de estampar camisas, livros etc.

Apesar de poder dizer qual é a raiz cúbica de 9.261, por exemplo, ele continua vendendo picolés no posto. A diferença é que o isopor que ele carregava deu lugar a um carrinho de uma empresa de picolés de São Paulo, que fornece de graça os produtos para o garoto.

Quando alguém não compra um picolé de Pedro, ele faz um desafio: "Moço, se o senhor me perguntar uma pergunta de matemática e eu responder certo, o senhor compra um picolé?"

Andreia Adriana da Silva Coelho, 26, professora do menino na 2ª série, afirma que Pedro tem melhorado em todas as disciplinas. Quando a aula é de matemática, o garoto fica quieto, afinal, não precisa prestar atenção nas aulas da professora, que ensina a turma a somar dezenas, centenas e unidades.

"Ele precisava mesmo era de um professor de universidade para trabalhar com ele", diz Andreia. O problema é que Pedro não quer ficar longe de sua família e a mãe aposta todas suas fichas nele para melhorar de vida.

"Meus outros filhos não dão para estudar. O Pedro pode ser alguém importante", diz Antônia Dão da Silva, 53.

Mitologia
Nos últimos cinco meses, Flávio Tadeu de Oliveira Gonçalves, 13, teve várias notícias boas e uma muito triste. A triste foi a morte de sua mãe, que, na época da reportagem da Folha, já não estava bem de saúde.

A boa foi que, além de ajuda financeira de três famílias, um professor de filosofia se interessou pela história do garoto e decidiu dar aulas grátis de mitologia, história da arte e de reforço escolar.

Flávio chamou a atenção dos assistentes sociais da entidade Direito de Ser, que realiza um trabalho com ele em Campinas. Desde criança, ele se interessava por pintura e mitologia.

O professor Rogério Bazali se interessou em ajudar Flávio com medo de que ele, para sobreviver, deixasse de explorar o dom que tem para as artes.

"Dá para perceber que ele é um aluno especial. Com toda a história de vida triste, Flávio demonstra uma alegria e uma vontade de viver incomuns", diz Bazali.

Após a reportagem da Folha, Flávio ganhou um kit de pintura, seu sonho até então, e a ajuda de duas famílias que enviam cesta básica para sua família. Um senhor contribuiu mensalmente com uma poupança para ele e outras pessoas passaram a se corresponder com o garoto.

No final do ano, ele, seu pai e seu irmão devem sair do barracão onde moram, na favela São Marcos, para um conjunto habitacional do Estado.
A idéia de Bazali é continuar orientando o garoto a seguir sua vocação artística.

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