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12/12/2003 - 04h32

Testemunhas dizem que não houve reação

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da Folha de S.Paulo

Homens perfilados sem reagir dentro de um ônibus, conversando tranquilamente com um policial ou dominados no chão. No final, todos os suspeitos estavam mortos. As cenas descritas por pelo menos cinco testemunhas da "Operação Castelinho" revelam, segundo o Ministério Público, que os 12 supostos membros do PCC foram rendidos e depois assassinados pela polícia.

Perícia do Instituto de Criminalística também não encontrou vestígios de sangue nas armas supostamente usadas pelos suspeitos, o que reforça a tese da Promotoria de que o grupo não reagiu ao cerco policial.

Novas testemunhas e laudos periciais recentes foram usados pela promotora de Itu Vania Maria Tuglio para denunciar 53 PMs por homicídio triplamente qualificado. A denúncia foi aceita ontem pela Justiça.

Os depoimentos contrariam a versão apresentada pela PM na época, de que os suspeitos teriam saído dos veículos atirando --os mortos estavam em um ônibus e em duas camionetes.

Pelo menos cinco testemunhas descreveram à Promotoria cenas nas quais viram os suspeitos dominados pelos PMs. As testemunhas estavam em motos, caminhões, carros e ônibus que foram parados pela PM na operação --a maioria dos veículos estava entre as duas camionetes e o ônibus usados pelos suspeitos-- e depois foram dispensadas sem que seus depoimentos fossem tomados.

Uma testemunha que andava de moto falou que, antes dos tiros, passou pelo ônibus, já parado, onde estavam os suspeitos e presenciou uma cena amistosa: um homem no interior do ônibus conversava com um policial militar que estava em frente à porta do veículo.

"A testemunha falou que os dois conversavam calmamente. Não faziam gestos agressivos ou mostravam armas", disse a promotora. Outra pessoa que estava em um caminhão disse que viu homens perfilados no interior do ônibus. Também não viu armas com os suspeitos.

Uma terceira testemunha, que estava em um ônibus retido no pedágio, disse que viu quando um homem saiu tranquilamente do ônibus onde estavam os suspeitos e foi em direção aos policiais.

Duas outras testemunhas que estavam próximas das duas camionetes também afirmaram ter visto suspeitos sendo dominados. Uma delas, que estava em um ônibus que ficou retido entre o pedágio e o cerco policial, disse que o motorista de uma das caminhonetes foi retirado do carro e dominado no chão. Momentos depois, essa mesma pessoa disse ter ouvido disparos e viu o homem caído em uma poça de sangue.

Há ainda o depoimento de um motoqueiro que afirmou ter visto um suspeito dominado no meio de um grupo de PMs, ter ouvido um disparo seguido de um grito e, ao se virar, ter visto o suspeito que já estava dominado caído.

Segundo a promotora, as testemunhas não conseguiram ver toda a ação porque PMs obrigaram as pessoas a baixar a cabeça e não olhar para as cenas dos tiros no momento dos disparos e nos 15 minutos seguintes.

Além de novos depoimentos, a promotora também solicitou nova perícia nas armas supostamente usadas pelos suspeitos --seis pistolas, um revólver, quatro fuzis, duas espingardas calibre 12 e uma metralhadora.

O fato de não haver vestígios de sangue mostra, segundo a promotora, que as armas não estavam com os suspeitos. Para ela, como os mortos perderam muito sangue, deveria haver vestígio da substância nas armas que eles eventualmente portassem.
 

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