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20/01/2004 - 23h50

Para arcebispo, Justiça deve intervir em desfiles "inaceitáveis"

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FABIANA CIMIERI
da Folha de S.Paulo, no Rio

O arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheid, disse nesta terça-feira, após rezar missa em homenagem a São Sebastião, padroeiro da cidade, que "a Justiça deve intervir" se as escolas de samba forem mostrar na Marquês de Sapucaí alguma "cena indecorosa e inaceitável".

Ele referia-se à escola Acadêmicos do Grande Rio, que trará um enredo sobre o uso de preservativos intitulado "Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor".

O carnavalesco Joãosinho Trinta promete levar à avenida um carro alegórico com esculturas gigantes que simulam posições sexuais do Kama Sutra (livro indiano milenar que descreve posturas sexuais).

O carro abre-alas mostrará Adão e Eva tendo relações sexuais no Paraíso, e a comissão de frente será inspirada no quadro "O Jardim das Delícias", de Bosch.

As fantasias também terão temática sexual. As roupas do casal de mestre-sala e porta-bandeira serão todas feitas com preservativos. Uma das alas, que tem cerca de cem componentes, simulará as posições do Kama Sutra.

D. Eusébio disse que o Carnaval está muito distante e que ainda não conhece o conteúdo dos enredos, por isso, não pode afirmar que a Arquidiocese entrará com algum recurso judicial para impedir o desfile da alegoria.

"Mas se for para desacreditar o Carnaval perante o mundo, através de uma cena indecorosa e inaceitável, naturalmente eu acho que a Justiça deve intervir", disse. Para ele, "imagens indecentes estragam a festa e perturbam a paz".

No desfile do ano passado, as manifestações contrárias da igreja fizeram com que a Beija-Flor deixasse de mostrar a alegoria de um Cristo armado, que duelaria com o diabo. O duelo terminaria com uma menina de rua ferida por uma bala perdida.

Na ocasião, d. Eusébio se manifestou a favor da aplicação da lei estadual 3.507, que prevê a desclassificação das escolas "que praticarem vilipêndio ou escárnio a valores religiosos".

O carnavalesco Joãosinho Trinta não foi encontrado nesta terça-feira para comentar a declaração do arcebispo.

No domingo, em entrevista à Folha, ao ser questionado sobre a opinião da igreja, respondeu: "Se houver alguma censura iremos encará-la como um ato nazista".

A Riotur e a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) disseram que não irão se pronunciar sobre o assunto.
 

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