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26/01/2004 - 22h13

Antes de serem mortos, turistas assistiram à abertura de suas covas

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FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Amordaçados e com pés e mãos amarrados, dois turistas, um dos quais cabo do Exército, assistiram à abertura da própria cova na qual foram enterrados após terem sido assassinados com um tiro na cabeça cada um.

O crime aconteceu na madrugada de sábado na periferia do Guarujá (87 km de São Paulo) depois de um assalto na praia da Enseada em que uma quadrilha formada por dois homens e dois adolescentes levou cerca de R$ 100 e o carro das vítimas.

A polícia prendeu os quatro entre a tarde de domingo e a manhã desta segunda-feira. Durante interrogatório, um deles teria afirmado que o grupo decidiu matar os turistas depois de descobrir que um era militar.

Amigos de infância, o estudante José Carlos de Souza Júnior, 22, e o cabo Marcel Rodrigues Gonçalves, 21, ambos de Jundiaí (interior paulista), passavam o final de semana no litoral, acompanhados de familiares, em um apartamento em Praia Grande.

Na noite de sexta-feira, saíram no carro de Souza Júnior, um Fiat Palio branco, para passear no Guarujá. Com o veículo estacionado nas imediações do morro do Maluf, na praia da Enseada, foram abordados pelo grupo.

Como não retornaram para Praia Grande, os parentes passaram o sábado e o domingo no Guarujá em busca de informações. Na tarde de sábado, policiais militares encontraram o carro na favela do morro Cachoeira.

Acusados

No momento em que avistou os PMs, Rodrigo Bezerra dos Passos, 23, fugiu para o interior da favela, segundo informou o delegado titular do Guarujá, Milson Sérgio Calves. De acordo com a polícia, depois de preso ele confessou, em depoimento, ter disparado contra as vítimas.

Passos apontou dois adolescentes, um de 15 e outro de 16 anos, como integrantes da quadrilha, ambos também detidos na tarde de domingo. Um tio de Adriano Galvão da Silva, 24, o quarto acusado, informou aos policiais onde estava o sobrinho e ele foi preso nesta manhã.

Segundo o delegado Calves, Rodrigo dos Passos afirmou que o grupo decidiu matar os dois amigos depois de encontrar no bolso da camisa de Gonçalves a carteira de identificação de militar do Exército. No barraco onde Passos morava, investigadores acharam a carteira de habilitação de Souza Júnior, além de porções de cocaína e maconha.

Os assassinatos ocorreram em um terreno baldio nas proximidades da favela Nova Aldeia, no distrito de Vicente de Carvalho (periferia da cidade). Enquanto as vítimas aguardavam, os dois adolescentes teriam cavado o buraco onde as enterraram.

Chileno

O crime de maior repercussão no ano passado no Guarujá também aconteceu depois de uma abordagem na praia da Enseada. Em setembro, o turista chileno Waldo Arturo Ugalde Erazo, 51, foi morto a tiros por adolescentes, quando voltava da praia, após uma tentativa de assalto.

O caso chegou a desencadear uma tentativa de boicote ao Guarujá por paulistanos proprietários de casas de veraneio na cidade. Dois meses depois, a PM instalou uma unidade na Enseada.
 

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