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28/01/2004 - 23h23

Repatriados levam 7 horas para prestar esclarecimentos à PF em MG

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THIAGO GUIMARÃES
JOSÉ EDUARDO RONDON

da Agência Folha, em Belo Horizonte
da Folha Online

Depois de passar horas dentro de um avião os 277 brasileiros deportados dos Estados Unidos chegaram ao aeroporto de Confins (42 km de Belo Horizonte, MG) por volta das 13h50 desta quarta-feira. Muitos tiveram que esperar por mais de 7 horas para prestar esclarecimentos às autoridades brasileiras.

Após o pouso, os brasileiros foram prestar depoimento no posto montado pela Polícia Federal. Uma sala com 25 computadores cedidos pela Infraero e abastecidos com dados da PF foi utilizada na operação.

Os depoimentos duraram cerca de meia hora cada um. Os brasileiros tiveram que explicar, entre outros pontos, como chegaram aos EUA e quem agenciou a viagem. O governo mineiro comprou 900 lanches para o grupo agüentar a espera.

O Ministério Público Federal acompanhou alguns depoimentos, com a intenção de apurar informações sobre uso e compra de passaportes falsos. "O objetivo maior é identificar a ação de falsificadores", disse o procurador-chefe do órgão em Minas Gerais, José Adércio Leite Sampaio.

Pela manhã, o assessor de comunicação da PF em Minas, delegado Ricardo Amaro, informou que dois passageiros estavam com mandados de prisão expedidos. No entanto, apenas um foi confirmado: José Carlos Teixeira, 31, de Resplendor (MG), que teria desertado da PM. Segundo um delegado da PF que não quis se identificar, ele foi detido. Os últimos passageiros só foram liberados por volta das 21h30.

Nos EUA

Ao todo, entre 1.050 e 1.100 brasileiros detidos nos EUA por imigração ilegal serão repatriados até abril em vôos fretados, informou o senador Hélio Costa (PMDB-MG), integrante da missão parlamentar que negociou o retorno dos prisioneiros. Segundo Costa, outros três vôos estão previstos --dois para as duas primeiras semanas de março e um para abril.

O senador disse ainda que grande parte das pessoas foi detida nas imediações da fronteira EUA-México. Estavam, em média, presas havia 90 dias e não portavam documentação. A missão parlamentar apurou que há, pelo menos, outros 408 brasileiros presos nos EUA, 208 por delitos praticados lá e 200 arrolados como testemunhas de coiotes (traficantes de migrantes).

Clandestinos

O chefe da divisão jurídica do Itamaraty, Manoel Gomes Pereira, disse que o órgão não tem como evitar a ida de brasileiros ilegais para os EUA e outros países. "O que podemos fazer é alertar as pessoas para os perigos que elas podem enfrentar tentando cruzar a fronteira com o México."

Segundo Pereira, a extradição em vôos fretados, vetada por normas internacionais, ocorre apenas em casos excepcionais. Ele informou que as negociações com o governo norte-americano começaram em maio, quando o Itamaraty barrou a repatriação em bloco de cerca de 900 brasileiros.

À época, o principal argumento do governo brasileiro era de que a situação seria constrangedora para os deportados, que voltariam algemados e acompanhados pela imprensa. Por conta de entendimentos firmados pela missão parlamentar com autoridades norte-americanas, o grupo que chegou nesta quarta-feira não foi algemado.

Famílias

A movimentação no aeroporto começou por volta das 9h. Antes do desembarque, cerca de 200 familiares aguardavam pelos repatriados. Quando o avião apareceu no céu, muitos não contiveram o choro.

A "Operação Desembarque", como foi chamada, mobilizou aproximadamente 200 pessoas, entre policiais civis, militares e federais, agentes da Defesa Civil, Ministério Público Federal, Itamaraty e Ministério da Justiça.

Momentos antes da aterrissagem em Belo Horizonte, de acordo com relato dos que estavam no avião, foi feita uma contagem regressiva, seguida pelo Hino Nacional, muita gritaria e trechos da música "Oh, Minas Gerais".

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