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31/01/2004 - 03h10

Guerra do tráfico mata 44 em quatro meses

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

A guerra entre as facções criminosas TCP (Terceiro Comando Puro) e os aliados TC (Terceiro Comando) e ADA (Amigo dos Amigos) já matou pelo menos 44 pessoas nos últimos quatro meses e mudou o panorama dos confrontos entre traficantes em favelas do Rio. Nos últimos meses, não há registro de tiroteios entre os rivais históricos TC e CV (Comando Vermelho).

Uma das razões para o embate é, segundo a polícia, a iniciativa do TCP de promover "golpes de estado" em redutos da facção rival. Traficantes vinculados ao TC/ADA têm se aliado ao TCP para tentar assumir o controle das bocas-de-fumo.

A última tentativa de "golpe de estado" ocorreu no início deste mês no morro de São Carlos (Estácio, zona central). Um grupo liderado pelo traficante conhecido como Carré, ligado ao TCP, tentou matar o chefe do tráfico na favela, Irapuan David Lopes, o Gangan, um dos criminosos mais procurados do Rio.

Embora o plano tenha fracassado, o bando conseguiu roubar quatro fuzis e R$ 32 mil da quadrilha de Gangan. Carré e seu grupo estão refugiados na favela de Acari (zona norte), segundo a DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil. Acari é controlada pelo TCP.

A estratégia do TCP deu certo no morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte). O traficante Edson Francisco de Alves, o Bizulai, se uniu a Ney Conceição da Cruz, o Facão, um dos líderes do TCP, e, em outubro, tomou o controle da favela do ex-aliado Claudecy de Oliveira, o Noquinha.

Noquinha fugiu para a favela Vila dos Pinheiros (complexo da Maré, zona norte), onde é protegido pelo chefe do TC/ADA, Edmílson Ferreira dos Santos, o Sassá. Ele conta ainda com o apoio de Gangan para retomar o Dendê, diz a polícia. Bizulai e Noquinha continuam em guerra na Ilha, assim como Sassá e o grupo ligado a Facão, que está preso, na Maré.

Grupo dissidente do TC, o TCP se formou logo após a rebelião ocorrida no presídio Bangu 1 (zona oeste) em 11 de setembro de 2002. No episódio, morreram Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e mais quatro integrantes da ADA. Foram mortos por presos do CV, facção mais antiga do Rio. Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é suspeito de ter liderado a matança, pois teria sido informado de que Uê pretendia matá-lo.

Segundo a polícia, traficantes do TC liderados por Robson André da Silva, o Robinho Pinga, decidiram se separar porque consideravam que Uê fora vítima de uma conspiração de Paulo César Silva dos Santos, o Linho, e Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, líderes da parceria TC/ADA. Linho está desaparecido desde janeiro de 2003. A polícia suspeita que ele esteja morto.

De acordo com informes recebidos pela polícia, Celsinho da Vila Vintém relatou a Beira-Mar um suposto plano de Uê para matá-lo na cadeia. Beira-Mar teria, então, se antecipado ao rival.

Com o apoio dos traficantes Facão e Alberico Souza de Medeiros, o Derico, dois antigos aliados de Linho, Robinho Pinga formou o TCP. Os demais remanescentes uniram o TC à ADA.
 

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