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02/02/2004 - 08h35

Sem verde, Mooca é vanguarda ambiental

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MARIANA VIVEIROS
da Folha de S.Paulo

Quando se trata de citar áreas da cidade de São Paulo que se destacam pela preocupação ambiental, a Subprefeitura da Mooca, na zona leste, certamente não é das primeiras que vêm à mente. A região sempre esteve associada ao passado industrial da capital. Lá está o que sobrou dessa era: fábricas, vilas operárias, galpões e também baixos índices de área verde per capita, as maiores temperaturas e problemas com lixo e entulho.

E é exatamente por tudo isso que os distritos da região saíram na frente e se tornaram uma espécie de vanguarda ambiental.

Foi no Tatuapé que a coleta seletiva com ex-catadores de rua começou há quase um ano e onde vem se desenvolvendo melhor. Das 11 centrais de triagem da cidade, a da região, operada pela Cooperativa Tietê, é a única que tem uma coleta porta a porta própria e um relacionamento mais estreito com as comunidades, sobretudo os condomínios.

A primeira horta urbana da capital começou a ser cultivada, em meados de 2003, na Mooca. A iniciativa mostrou que o projeto dá certo e já resultou na implantação de uma segunda horta em Guaianazes, na zona leste.

Próximo à horta, mas no distrito do Brás, está também o primeiro e único ecoponto da cidade, para recebimento de entulho --o qual, ao dar uma alternativa de deposição para resíduos de pequenas obras, evita que eles parem nas ruas e córregos. O projeto de descentralização do Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana), que data do segundo ano da gestão petista, não decolou no resto da cidade.

E serão os empresários da região da subprefeitura os primeiros da capital --talvez do país-- a receber, ainda neste ano, um selo verde por seu envolvimento em projetos de arborização, recuperação de praças e construção de calçadas verdes (parte de concreto, parte de grama) nos bairros.

Desde 2001, foram fechados 22 termos de cooperação com empresas e universidades --5 deles em 2004-- e há 4 em negociação.

Isso fora projetos que ainda estão no papel (a transformação de um clube municipal em parque e a formação de uma cooperativa para reaproveitar os restos de tecidos das confecções do Brás) e a reforma, com recursos próprios, de 21 das 200 praças da região.

"Fome e vontade de comer"

As razões para o investimento "verde" podem ser resumidas na popular expressão "junção da fome com a vontade de comer".

A forma de industrialização da cidade, despreocupada com as questões ambientais, deixou a Subprefeitura da Mooca com uma média de área verde de 3,6 m2 por habitante. A média geral da cidade é de 73,65 m2 per capita.

A falta de cobertura verde é decisiva para que a região registre temperaturas até 4C acima das da av. Paulista, e a impermeabilização do solo agrava as enchentes porque facilita o escoamento da água para os rios e córregos.

A falta de qualidade ambiental é literalmente sentida na pele pelos moradores, que, razoavelmente bem servidos de infra-estrutura básica, escolas e unidades de saúde, pediram, no plano diretor regional e no orçamento participativo, árvores, maior atenção em relação ao lixo, projetos de reciclagem e mais opções de lazer.

As reivindicações encontraram na subprefeita Harmi Takiya, 43, um bom "ouvido". Geóloga, funcionária de carreira da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e uma das coordenadoras do Atlas Ambiental do Município, ela admite: "Gosto da temática ambiental, me identifico com ela".

"Cada subprefeitura tem de eleger sua prioridade. A da Lapa são os idosos; a da Sé, o centro; a de Santana, áreas de risco; a nossa é o ambiente", diz Takiya. "Mas tudo é em resposta a uma demanda dos moradores, que também estão sensibilizados. Acho que isso tem a ver com o fato de, em geral, a população da região viver aqui há bastante tempo e ter suas raízes em imigrantes", afirma.
 

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