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04/02/2004 - 02h30

SP conta prejuízos e espera racionamento de água

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da Folha de S.Paulo
do Agora

Depois dos destelhamentos, inundações, uma morte e incontáveis prejuízos causados pela chuva, a Grande São Paulo ainda poderá ter o maior racionamento de água da história decretado nesta semana --e iniciado em ao menos sete dias após o anúncio.

O que pode parecer surreal tem uma explicação simples. Vem chovendo muito em pontos localizados, mas não nas áreas de mananciais dos rios que formam os quatro reservatórios do sistema Cantareira, que abastece metade da região metropolitana (9 milhões de pessoas) e tinha ontem só 5,5% da capacidade.

A iminência do racionamento foi confirmada ontem pelo secretário Mauro Arce (Recursos Hídricos, Energia e Saneamento).

Enquanto isso, no Morumbi (zona oeste), um dos locais mais atingidos pela chuva de anteontem, uma mulher de 27 anos morreu afogada em sua própria casa, após ser surpreendida por uma enxurrada, que arrastou móveis e a impediu de deixar o local.

Em vários outros pontos da cidade, moradores contam que quase perderam tudo. Em Campo Limpo (zona sul), Carla Gisele Passos, 31, teve de colocar os três filhos --um de dez anos, outro de cinco e um de dois meses-- em cima do guarda-roupa para evitar que se afogassem. Eles ficaram lá por quatro horas. Com risco de desabamento, a prefeitura interditou 80 casas no bairro.

Na sede social e no estádio do São Paulo Futebol Clube, também no Morumbi, os prejuízos causados pelas chuvas podem ultrapassar R$ 500 mil. Na área social, apenas os ginásios não foram afetados. No estádio, três dos quatro vestiários foram inundados.

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve na estação de metrô do Tatuapé (zona leste), onde parte do telhado foi arrancada por rajadas de vento. Segundo o governador, o prejuízo chega a R$ 300 mil. A estação voltou a funcionar normalmente, mas a reparação do local só deve ficar completa no próximo dia 20.

A chuva destruiu 95% do telhado da escola estadual Osvaldo Catalano, no Tatuapé. Dois dos três andares do prédio foram invadidos pela água, que também provocou o corte do fornecimento de energia. "Perdemos computadores, móveis e o telhado inteiro", disse a diretora Mariangela Aroni.

No mesmo bairro, o restaurante Pizza Show Tiquatira perdeu parte do teto, feito de sapé. Segundo o dono, Roberto Aparecido de Souza, 51, a água chegou a 1,5 metro. Cerca de uma tonelada de alimentos foi perdida, além de geladeiras e outros equipamentos. "Isso vai me custar quase R$ 20 mil", disse.

Ontem, choveu apenas 1,7 mm na capital (1 mm equivale a 1 l de água numa área de 1 m2).

Para a bibliotecária Cecília Zanforlin, 52, que mora no Morumbi, as perdas foram tanto materiais como sentimentais. Uma antiga enciclopédia portuguesa que havia ganho de seu pai ficou completamente encharcada. "Era uma relíquia para mim", disse.

O mesmo ocorreu com documentos, fotografias e fitas de vídeo da família, que se mudou para o local há dez anos. Desde então, a casa já foi alagada outras quatro vezes. Nunca, porém, como anteontem, quando a água atingiu 86 centímetros dentro da casa e 1,5 metro no portão.

"Vou colocar uma placa de "vende-se" assim que terminarmos de limpar a casa", disse o marido dela, Fernando Zanforlin, 52.

De acordo com a prefeitura, 30 famílias ficaram desabrigadas na favela Paraisópolis, no Morumbi. Na Vila Prudente (zona leste), foram 22. A Secretaria das Subprefeituras diz, porém, ainda não ter um balanço total, logo o número pode ser bem maior.

Mesmo sem chover ontem, o congestionamento de 83 km registrados às 11h de ontem na capital foi quase duas vezes maior que a média do horário, de 31 km. O motivo, segundo a CET, foi o aumento de 55% no número de semáforos com defeitos --resultado das chuvas.

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