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10/02/2004
-
03h19
EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o governo federal pretende liberar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) das vítimas das enchentes para auxiliá-las a reconstruir cerca de 50 mil casas afetadas neste ano.
Porém, caso se concretize, a proposta não deve beneficiar nem 30% das 178 mil pessoas que perderam ou tiveram de deixar as casas nas últimas semanas. Segundo o Ministério da Integração Nacional, as chuvas das últimas semanas atingiram 644 municípios de 16 Estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul.
"O governo não pode recorrer apenas a opções restritas ao mercado formal [trabalhadores com carteira assinada]. A medida vai atender uma parte dos atingidos, mas, com certeza, a maioria vai ficar de fora", disse ontem o economista Guilherme Delgado, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Informalidade
A base do economista são os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No Censo 2000, mostrou-se que 54,4% da força de trabalho está na informalidade, ou seja, sem carteira assinada e sem FGTS.
"Isso é um número geral de todo o país. Por isso digo, com certeza, que nas zonas rurais e nas periferias da cidades, onde não existe infra-estrutura e ocorrem os principais problemas com as enchentes, a informalidade explode e abrange pelo menos 70% dos trabalhadores", afirmou.
Ontem, Lula afirmou que a concretização dessa idéia não depende apenas do governo federal. "Então, é preciso que as prefeituras dêem o terreno, é preciso que os governadores façam urbanização e o governo federal financie as casas para essas pessoas", disse ele ontem, no programa quinzenal de rádio "Café com o Presidente".
Não há perspectivas a curto prazo de que liberação do FGTS tome um formato oficial. O Conselho Curador do fundo somente se reunirá em março. Lula ainda disse que irá procurar prefeitos e governadores para impedir que as cerca de 50 mil casas destruídas e danificadas sejam reconstruídas nos mesmos locais. "É preciso tirar as pessoas de lá", afirmou.
Vítimas
Três pessoas morreram atingidas por raios durante tempestades na Bahia no final de semana. O número de mortes decorrentes das chuvas subiu para 15 no Estado. Em Santo Estevão, um raio caiu numa casa, matando duas pessoas e ferindo três, na madrugada de anteontem. Gileno da Conceição Silva, 31, e Cristiane Santos, 16, morreram na hora. Os que conseguiram sobreviver encontravam-se internados.
Em Salvador, o surfista Adson Leandro Campo Santos, 26, também morreu atingido por um raio, no sábado. Segundo testemunhas, o surfista estava a 20 m da areia quando recebeu descarga elétrica na praia do Corsário.
No interior do Estado, as fortes chuvas isolaram pequenas cidades, que já começam a enfrentar a escassez de alimentos e remédios.
Em Curaçá, a queda de uma ponte impede a chegada de caminhões. Segundo dados da prefeitura, mais de 200 famílias ficaram desabrigadas. Dos 417 municípios da Bahia, 72 já decretaram estado de emergência.
Em Goiás, a cheia do rio Araguaia, que subiu cerca de 6 m, ameaçava atingir as cidades ribeirinhas de Aragarças e Aruanã. Ainda não há, segundo a Defesa Civil, desabrigados no Estado. Na capital, um levantamento indicava 380 famílias em áreas de risco.
Lula estuda liberar FGTS para flagelados
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o governo federal pretende liberar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) das vítimas das enchentes para auxiliá-las a reconstruir cerca de 50 mil casas afetadas neste ano.
Porém, caso se concretize, a proposta não deve beneficiar nem 30% das 178 mil pessoas que perderam ou tiveram de deixar as casas nas últimas semanas. Segundo o Ministério da Integração Nacional, as chuvas das últimas semanas atingiram 644 municípios de 16 Estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul.
"O governo não pode recorrer apenas a opções restritas ao mercado formal [trabalhadores com carteira assinada]. A medida vai atender uma parte dos atingidos, mas, com certeza, a maioria vai ficar de fora", disse ontem o economista Guilherme Delgado, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Informalidade
A base do economista são os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No Censo 2000, mostrou-se que 54,4% da força de trabalho está na informalidade, ou seja, sem carteira assinada e sem FGTS.
"Isso é um número geral de todo o país. Por isso digo, com certeza, que nas zonas rurais e nas periferias da cidades, onde não existe infra-estrutura e ocorrem os principais problemas com as enchentes, a informalidade explode e abrange pelo menos 70% dos trabalhadores", afirmou.
Ontem, Lula afirmou que a concretização dessa idéia não depende apenas do governo federal. "Então, é preciso que as prefeituras dêem o terreno, é preciso que os governadores façam urbanização e o governo federal financie as casas para essas pessoas", disse ele ontem, no programa quinzenal de rádio "Café com o Presidente".
Não há perspectivas a curto prazo de que liberação do FGTS tome um formato oficial. O Conselho Curador do fundo somente se reunirá em março. Lula ainda disse que irá procurar prefeitos e governadores para impedir que as cerca de 50 mil casas destruídas e danificadas sejam reconstruídas nos mesmos locais. "É preciso tirar as pessoas de lá", afirmou.
Vítimas
Três pessoas morreram atingidas por raios durante tempestades na Bahia no final de semana. O número de mortes decorrentes das chuvas subiu para 15 no Estado. Em Santo Estevão, um raio caiu numa casa, matando duas pessoas e ferindo três, na madrugada de anteontem. Gileno da Conceição Silva, 31, e Cristiane Santos, 16, morreram na hora. Os que conseguiram sobreviver encontravam-se internados.
Em Salvador, o surfista Adson Leandro Campo Santos, 26, também morreu atingido por um raio, no sábado. Segundo testemunhas, o surfista estava a 20 m da areia quando recebeu descarga elétrica na praia do Corsário.
No interior do Estado, as fortes chuvas isolaram pequenas cidades, que já começam a enfrentar a escassez de alimentos e remédios.
Em Curaçá, a queda de uma ponte impede a chegada de caminhões. Segundo dados da prefeitura, mais de 200 famílias ficaram desabrigadas. Dos 417 municípios da Bahia, 72 já decretaram estado de emergência.
Em Goiás, a cheia do rio Araguaia, que subiu cerca de 6 m, ameaçava atingir as cidades ribeirinhas de Aragarças e Aruanã. Ainda não há, segundo a Defesa Civil, desabrigados no Estado. Na capital, um levantamento indicava 380 famílias em áreas de risco.
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