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12/02/2004 - 02h40

Entidades relatam preconceito

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da Folha de S.Paulo

No fim do ano passado, um grupo de cerca de 30 jovens de Americanópolis (zona sul de SP) viajava para Santo André quando policiais pararam o ônibus. Enquanto eram revistados, um dos rapazes falou que só estavam passando por aquilo por serem negros. Um dos policiais argumentou que não era preconceituoso. Disse que só estava revistando os jovens porque eles faziam bagunça no veículo.

"Como vocês sabe que estávamos fazendo bagunça se estavam fora do ônibus?", questionou o rapaz. Ao que o policial respondeu: "Cala a boca, neguinho, ou te levo para o xadrez."

Essa é uma das diversas histórias que o educador Edson Arruda, 42, diz já ter ouvido de seus alunos na ONG Fala Preta --Organização de Mulheres Negras.

"Isso afeta muito a auto-estima. Eu, que tenho 42 anos, ainda sou afetado, imagine um rapaz de 15 anos, que está começando a vida e tem que enfrentar esse tipo de problema", afirma o educador.

Para o presidente da Comissão do Negro e de Assuntos Anti-discriminatórios da OAB-SP, Marco Antonio Zito Alvarenga, a pesquisa do Datafolha ajuda a entender casos como a morte, por policiais, do dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, 28, negro. "Há o estereótipo de que o negro é um eventual autor de atos ilícitos. Isso não pode ser objeto de sustentação para a atuação da polícia em caráter preventivo ou repressivo", diz.

Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que os policiais seguem procedimentos oficiais padronizados de abordagem conforme o tipo de ocorrência, e não o tipo físico das pessoas. Sobre os dados do Datafolha, a secretaria afirmou que só iria se manifestar após analisar a pesquisa na íntegra.

A secretaria informou que não há nenhum tipo de discriminação por parte da polícia e que integra o Conselho de Acompanhamento de Políticas Voltadas para Afrodescendentes da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.

O frei Davi Santos, da ONG Educafro, disse ontem que a entidade realizará, até o próximo domingo, um ato para pedir ao governo do Estado que realize um programa de reciclagem sobre questão racial para todos os policiais de São Paulo. "Infelizmente, precisou morrer um negro que teve acesso ao ensino universitário para trazer à tona o drama do racismo na sociedade paulista."
 

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