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13/02/2004
-
04h12
do Agora
da Folha de S.Paulo
Os cinco policiais militares acusados de matar o dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, 28, no dia 3, em Santana (zona norte de São Paulo), assumiram ontem, em depoimento à Polícia Civil, que forjaram as provas do crime e omitiram informações ao registrarem o boletim de ocorrência, mas negam que tenham agido movidos por racismo.
A estratégia da defesa do grupo é dizer que foi um homicídio culposo (sem intenção de matar). Dessa maneira, a pena pode ser de três anos --caso o homicídio seja considerado doloso (intencional), pode chegar a 12. "Eles armaram [a versão inicial de resistência à prisão] para tentar escapar do flagrante, mas confessaram tudo. O dentista foi morto porque fez um movimento brusco, e não por ser negro", disse, ontem, o advogado Marcos Ribeiro de Freitas.
A família do dentista diz que ele foi abordado devido à sua cor. Segundo o advogado, três dos cinco PMs são negros: o tenente Carlos Alberto de Souza Santos, 34, e os soldados Ivanildo Soares da Cruz, 35, e Davis Júnior Lourenço, 24.
O grupo diz que um dos soldados disparou contra o dentista porque, ao ser abordado pelos policiais, "ele [Flávio Sant'Ana] virou de forma brusca, fazendo entender que iria puxar uma arma".
O cabo Ricardo Arce Rivera, 27, disse que "plantou" a arma do crime junto ao dentista para simular resistência à prisão. Segundo o advogado, foi Rivera quem colocou a carteira do comerciante Antônio Alves dos Anjos, 29, no bolso do dentista --Anjos confundiu Sant'Ana com um assaltante. O advogado também defende o soldado Luciano José Dias, 24, que teria disparado contra o dentista.
No depoimento, os PMs contaram que, após deixarem o dentista no pronto-socorro do hospital Santana, seguiram ao 13º Distrito Policial, onde apresentaram a versão falsa temendo "sanções administrativas".
Freitas pedirá, na próxima semana, o relaxamento da prisão de Cruz e Lourenço, que teriam apenas ajudado a criar a versão falsa. Junto a Santos --que abordou Flávio e teria disparado contra o chão--, Dias e Rivera --que teria permanecido no carro--, estão presos em um presídio da PM.
O deputado Renato Simões (PT) afirmou ontem que a partir de terça-feira irá coletar assinaturas para a instalação da "CPI da violência policial". Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, ele se reuniu ontem com o promotor Carlos Cardoso, assessor de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, e representantes da Ouvidoria da Polícia.
PMs negam racismo e alegam gesto brusco de dentista assassinado
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da Folha de S.Paulo
Os cinco policiais militares acusados de matar o dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, 28, no dia 3, em Santana (zona norte de São Paulo), assumiram ontem, em depoimento à Polícia Civil, que forjaram as provas do crime e omitiram informações ao registrarem o boletim de ocorrência, mas negam que tenham agido movidos por racismo.
A estratégia da defesa do grupo é dizer que foi um homicídio culposo (sem intenção de matar). Dessa maneira, a pena pode ser de três anos --caso o homicídio seja considerado doloso (intencional), pode chegar a 12. "Eles armaram [a versão inicial de resistência à prisão] para tentar escapar do flagrante, mas confessaram tudo. O dentista foi morto porque fez um movimento brusco, e não por ser negro", disse, ontem, o advogado Marcos Ribeiro de Freitas.
A família do dentista diz que ele foi abordado devido à sua cor. Segundo o advogado, três dos cinco PMs são negros: o tenente Carlos Alberto de Souza Santos, 34, e os soldados Ivanildo Soares da Cruz, 35, e Davis Júnior Lourenço, 24.
O grupo diz que um dos soldados disparou contra o dentista porque, ao ser abordado pelos policiais, "ele [Flávio Sant'Ana] virou de forma brusca, fazendo entender que iria puxar uma arma".
O cabo Ricardo Arce Rivera, 27, disse que "plantou" a arma do crime junto ao dentista para simular resistência à prisão. Segundo o advogado, foi Rivera quem colocou a carteira do comerciante Antônio Alves dos Anjos, 29, no bolso do dentista --Anjos confundiu Sant'Ana com um assaltante. O advogado também defende o soldado Luciano José Dias, 24, que teria disparado contra o dentista.
No depoimento, os PMs contaram que, após deixarem o dentista no pronto-socorro do hospital Santana, seguiram ao 13º Distrito Policial, onde apresentaram a versão falsa temendo "sanções administrativas".
Freitas pedirá, na próxima semana, o relaxamento da prisão de Cruz e Lourenço, que teriam apenas ajudado a criar a versão falsa. Junto a Santos --que abordou Flávio e teria disparado contra o chão--, Dias e Rivera --que teria permanecido no carro--, estão presos em um presídio da PM.
O deputado Renato Simões (PT) afirmou ontem que a partir de terça-feira irá coletar assinaturas para a instalação da "CPI da violência policial". Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, ele se reuniu ontem com o promotor Carlos Cardoso, assessor de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, e representantes da Ouvidoria da Polícia.
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