Publicidade
Publicidade
26/02/2004
-
07h05
da Folha de S.Paulo
As mortes de animais por envenenamento no Zoológico de São Paulo provocaram uma operação inédita na polícia paulista, com o envolvimento de 38 policiais, alguns com especialidade na área, mas a investigação emperra no atraso de laudos técnicos.
Segundo o delegado Clóvis Ferreira de Araújo, 40, chefe da unidade de inteligência do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), os policiais contam até agora com dados da necropsia dos animais, feita pelo próprio zoológico, e exames toxicológicos das vísceras, realizados pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu.
A investigação policial, que soma 20 depoimentos, aponta que o envenenamento foi um crime doloso (com intenção), mas o delegado diz que só vai poder descartar o ato acidental --erro no manuseio de produtos químicos, como raticidas-- quando receber o resultados dos exames do IC (Instituto de Criminalística).
"A tese de intoxicação indireta está se desmerecendo. É muito difícil isso ter acontecido. Mas só vou poder descartá-la completamente com os resultados dos exames", diz o delegado.
Foram coletadas no zoológico, segundo Araújo, amostras de terra, água, areia, restos de comida, vômitos dos animais que morreram, fezes de ratos e produtos químicos encontrados. Até agora, nenhum laudo foi concluído.
"Eu sei da complexidade desses exames. Mas preciso dos resultados para prosseguir a investigação", diz o delegado. "A substância encontrada nos animais era mesmo monofluoracetato de sódio? Era líquido ou era em pó? Eu preciso urgente dessas informações", concluiu.
Com uma linha definida, por exemplo, todos os 38 policiais --hoje divididos em dois grupos, um que apura ato criminoso e outro, acidental-- poderiam se dedicar ao mesmo enfoque.
"Eu posso ter uma linha de investigação, mas os resultados dos exames podem me mostrar algo contrário", diz o delegado, que se formou em biologia e chegou a trabalhar na área antes de entrar para a polícia, 18 anos atrás.
Na equipe da unidade de inteligência destacada para investigar as mortes também há um policial com formação em ciências, outro em farmácia e um terceiro que é técnico em laboratório.
O esclarecimento desse caso depende muito, segundo o delegado, do trabalho científico da polícia. E a investigação já revela, de acordo com ele, necessidade de readequação da estrutura policial.
Um dos problemas citados pelo chefe da unidade de inteligência é a falta de um instituto oficial para a realização de necropsias e exames toxicológicos em crimes envolvendo animais --o IML (Instituto Médico Legal) realiza essa tarefa em seres humanos.
Nessa investigação, a necropsia foi feita pelo zoológico e os exames toxicológicos, pela Unesp. "Vamos incluir os resultados no inquérito, mas seria bom ter um órgão oficial com essa função."
O promotor de Justiça do Meio Ambiente Carlos Alberto de Salles também salientou ontem o prejuízo para as investigações com o atraso no resultado dos exames. Segundo ele, falta estrutura na polícia para realizar exames em animais em investigações como essa.
Peritos do IC afirmam que os exames são complexos e exigem tempo. Eles dizem que o trabalho é considerado prioridade, e que as análises das amostras e materiais continuaram a ser feitas mesmo durante o Carnaval.
A assessoria da Secretaria Estadual da Segurança Pública informou ontem que não há prazo para a conclusão dos exames devido à complexidade do caso. A primeira previsão de prazo --de dez a 15 dias-- venceu nesta semana.
Demora na conclusão dos laudos prejudica a investigação
Publicidade
As mortes de animais por envenenamento no Zoológico de São Paulo provocaram uma operação inédita na polícia paulista, com o envolvimento de 38 policiais, alguns com especialidade na área, mas a investigação emperra no atraso de laudos técnicos.
Segundo o delegado Clóvis Ferreira de Araújo, 40, chefe da unidade de inteligência do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), os policiais contam até agora com dados da necropsia dos animais, feita pelo próprio zoológico, e exames toxicológicos das vísceras, realizados pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu.
A investigação policial, que soma 20 depoimentos, aponta que o envenenamento foi um crime doloso (com intenção), mas o delegado diz que só vai poder descartar o ato acidental --erro no manuseio de produtos químicos, como raticidas-- quando receber o resultados dos exames do IC (Instituto de Criminalística).
"A tese de intoxicação indireta está se desmerecendo. É muito difícil isso ter acontecido. Mas só vou poder descartá-la completamente com os resultados dos exames", diz o delegado.
Foram coletadas no zoológico, segundo Araújo, amostras de terra, água, areia, restos de comida, vômitos dos animais que morreram, fezes de ratos e produtos químicos encontrados. Até agora, nenhum laudo foi concluído.
"Eu sei da complexidade desses exames. Mas preciso dos resultados para prosseguir a investigação", diz o delegado. "A substância encontrada nos animais era mesmo monofluoracetato de sódio? Era líquido ou era em pó? Eu preciso urgente dessas informações", concluiu.
Com uma linha definida, por exemplo, todos os 38 policiais --hoje divididos em dois grupos, um que apura ato criminoso e outro, acidental-- poderiam se dedicar ao mesmo enfoque.
"Eu posso ter uma linha de investigação, mas os resultados dos exames podem me mostrar algo contrário", diz o delegado, que se formou em biologia e chegou a trabalhar na área antes de entrar para a polícia, 18 anos atrás.
Na equipe da unidade de inteligência destacada para investigar as mortes também há um policial com formação em ciências, outro em farmácia e um terceiro que é técnico em laboratório.
O esclarecimento desse caso depende muito, segundo o delegado, do trabalho científico da polícia. E a investigação já revela, de acordo com ele, necessidade de readequação da estrutura policial.
Um dos problemas citados pelo chefe da unidade de inteligência é a falta de um instituto oficial para a realização de necropsias e exames toxicológicos em crimes envolvendo animais --o IML (Instituto Médico Legal) realiza essa tarefa em seres humanos.
Nessa investigação, a necropsia foi feita pelo zoológico e os exames toxicológicos, pela Unesp. "Vamos incluir os resultados no inquérito, mas seria bom ter um órgão oficial com essa função."
O promotor de Justiça do Meio Ambiente Carlos Alberto de Salles também salientou ontem o prejuízo para as investigações com o atraso no resultado dos exames. Segundo ele, falta estrutura na polícia para realizar exames em animais em investigações como essa.
Peritos do IC afirmam que os exames são complexos e exigem tempo. Eles dizem que o trabalho é considerado prioridade, e que as análises das amostras e materiais continuaram a ser feitas mesmo durante o Carnaval.
A assessoria da Secretaria Estadual da Segurança Pública informou ontem que não há prazo para a conclusão dos exames devido à complexidade do caso. A primeira previsão de prazo --de dez a 15 dias-- venceu nesta semana.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice