Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/02/2004 - 02h38

Zôo de SP não tinha segurança em área alimentar

Publicidade

FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo

As práticas adotadas pela área de alimentação do Zoológico de São Paulo até o último dia 19 --26 dias após o início das mortes de animais por envenenamento-- permitiam que facilmente uma pessoa envenenasse a comida dos animais do local. Segundo a direção do zôo, a medida era a mesma há mais de 40 anos.

Bandejas com os alimentos dos bichos eram deixadas em área aberta, a que qualquer funcionário poderia ter acesso, antes de serem retiradas pelos tratadores. Ninguém controlava a comida que saía do local ou quem a retirava. Vários trabalhadores do setor tinham a chave da porta principal, e a entrada e a saída do ambiente de preparação das refeições não tinham controle.

É essa a situação que a bióloga Fátima Valente Roberti encontrou ao assumir a área logo depois da divulgação das mortes, ocorrida em 6 de fevereiro. O setor fica em área restrita ao público.

"Você passa 46 anos de uma forma que acha que é a melhor maneira", diz Roberti. "Fechadura, porta fechada, isso nunca existiu. Em todos esses anos nunca houve problema com a alimentação. Como prever?"

"Quando entrei, isso já era feito desse jeito. Nunca passou pela cabeça. Agora vemos necessidade de um controle maior", diz Bruna Bergl, zootécnica que era responsável pela área antes de Roberti e que segue trabalhando no local.

Desde o dia 24 de janeiro último, 59 animais morreram envenenados por mono fluoracetato de sódio, um potente raticida.

Ainda não se sabe como o veneno foi administrado --se pela alimentação ou jogado nas jaulas com comida, por exemplo.

Das 59 mortes, a maioria ocorreu em área exclusiva para funcionários, o que para o zôo e a polícia é prova de envolvimento de trabalhadores da fundação. Pessoas que tinham acesso aos alimentos dos bichos e noções de química são as principais suspeitas.

Somente no dia 19 de fevereiro é que a instituição mudou as práticas do setor de alimentação. No dia 20, o zôo contabilizava 30 mortes suspeitas de envenenamento e oito confirmadas.

O diretor-técnico do zôo, José Luiz Catão Dias, informou anteontem que possivelmente animais como os porcos-espinhos, espécie mais atingida pelo envenenamento --40 animais morreram-- tenham sido envenenados perto do dia 15 de fevereiro.

O zôo afastou 11 dos 16 funcionários que trabalham no setor de alimentação, diz Roberti. Trocou todas as fechaduras e restringiu chaves a três funcionários. As saídas dos alimentos passaram a ser controladas --o funcionário que entrega a bandeja e o tratador que a recebe assinam uma planilha em que é também marcado o horário da entrega. A porta principal fica trancada e só é aberta depois de a pessoa tocar uma campainha. Há duplo controle --um funcionário vigia o outro. E seguranças cuidando da área.

"Nos pareceu que as medidas foram efetivas. Quanto ao momento anterior, nunca tinha havido problema semelhante. Talvez até antes dessa ocorrência não se justificassem essas medidas. Parece-me que não houve, da parte do zôo, negligência", diz o promotor de Justiça do Meio Ambiente Carlos Alberto de Salles.

Diariamente são distribuídas 4,5 toneladas de alimentos aos bichos do zôo e do Zôo Safari.

Os porcos-espinhos têm um cardápio a base de abóbora, batata-doce, mandioca, banana e repolho. Segundo Roberti, os animais podem aceitar também outros alimentos, exceto se não condizerem com seu padrão alimentar-um pescoço de galinha, por exemplo, não apeteceria os porcos-espinhos, que são herbívoros.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página