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03/03/2004 - 04h36

Direção do zoológico barrou novo parque

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MARIANA VIVEIROS
FABIANE LEITE
GILMAR PENTEADO

da Folha de S.Paulo

A atual direção do Zoológico de São Paulo frustrou em 2001, quando assumiu o comando da instituição, uma idéia de criação de um parque temático que uniria o zôo ao Simba Safari --empreendimento particular que foi extinto naquele ano.

A área do Simba, ao lado da do zoológico, acabou passando à administração do zôo, segundo decisão da atual diretoria.

Landslau Deutsch, biólogo membro do Conselho Superior do zôo e ex-funcionário da instituição, é um dos que relata a movimentação para a criação do empreendimento: diz que a idéia do parque era do então secretário de Esportes --órgão a que o zôo era ligado--, Marcos Arbaitman.

Segundo ele, Arbaitman queria um parque temático e impôs o nome de Marcelo Gutglas, presidente do parque de diversões Playcenter, como presidente do conselho superior do zôo --o Simba chegou a negociar com o Playcenter um projeto de parque temático em 2001. O presidente é nomeado pelo governador.

Conselheiros chegaram a reclamar, no Ministério Público, sobre pressões do secretário.

Segundo André Luiz Perondini, ex-diretor do zôo, o nome de Gutglas foi rejeitado pelo conselho superior em 2001 "por não ter o perfil requerido". Gutglas ficou apenas cerca de um mês no cargo.

De acordo com Perondini, Gutglas é engenheiro e o estatuto exige formação em biociências.

Investigação

Todas as informações sobre as crises institucionais do zôo estão sendo investigadas pela polícia, que procura explicação para a morte por envenenamento de 61 animais do local, iniciadas em 24 de janeiro, na véspera da recondução do atual presidente do conselho superior do parque, Paulo Bressan, ao cargo.

Arbaitman confirma que defendeu a união do zôo e do Simba. Mas nega ter feito alguma pressão, imposição ou indicação --de acordo com sua versão, ex-conselheiros fizeram reclamações porque sua gestão apontou que parte do grupo não trabalhava.

"Nunca quis criar nada. A única coisa que tinha proposto, não nós [da secretaria], foi idéia de um conselheiro, foi integrar o Simba ao zôo. Quem visitasse o Simba poderia ter entrada para o zoológico, um caminho tipo o que fazem lá em Orlando [EUA, terra dos parques temáticos]: bonito, tudo dentro da ecologia."

Arbaitman diz que a idéia só não foi para frente porque o proprietário do Simba, Francisco Galvão, não quis entrar na licitação para ocupar a área do próprio Simba. A concessão que ele tinha para ocupar o local havia acabado e a área jurídica do governo exigiu licitação para o novo ocupante.

Gutglas, procurado, disse, por meio de sua secretária, não ter nada a comentar.

"Correlação"

"É uma linha que estamos investigando, mas ainda estamos tentando estabelecer essa correlação", diz o delegado Clóvis Ferreira de Araújo, sobre a hipótese de crime institucional.

A polícia investiga oito pessoas, entre funcionários do zoológico e de uma empresa terceirizada, suspeitos de serem os executores do provável crime doloso (com intenção). "Aí você precisa classificar os executores entre os autores e os co-autores."

Além dos executores, a polícia ainda suspeita que possa chegar a supostos mentores do crime, o que esclareceria a motivação das mortes. A atual direção do zôo não se manifestou.
 

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