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08/03/2004
-
08h42
da Folha de S.Paulo
A experiência na unidade 19 do complexo Tatuapé não foi a primeira tentativa de participação externa no acompanhamento psicológico de internos da Febem. Só que, em ocasiões anteriores, a experiência fracassou devido à resistência de funcionários. Voluntários chegaram a testemunhar espancamentos de internos.
Depois da rebelião ocorrida no complexo Imigrantes, em outubro de 1999, a Faculdade de Psicologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo assinou um convênio que mantinha estagiários na Febem.
A principal tarefa dos estudantes era a criação de um programa de intervenção que auxiliasse os adolescentes a refletir sobre a prática de crimes, um dos pontos abordados hoje no trabalho do professor do Mackenzie Carlos Roberto do Prado.
O projeto iria durar, inicialmente, nove meses, mas foi interrompido pela PUC na metade do prazo, depois que estudantes flagraram agressões a internos.
Segundo relatório da direção da faculdade, a permanência dos estudantes nas unidades seria uma forma de compactuar com violações de direitos humanos. "Nossos alunos acompanharam situações de humilhação, de violência e de descuido", disse o relatório.
Em um dos flagrantes, os estagiários viram um "corredor polonês" --no qual internos passam em filas recebendo agressões-- feito por funcionários na chegada do complexo de Franco da Rocha. As unidades 30 e 31, as mais problemáticas, foram desativadas no ano passado.
Outra universidade também cogitou oferecer serviço de psicologia em Franco da Rocha, mas desistiu por causa das rebeliões, denúncias de agressões e por temer pela segurança dos alunos.
A experiência na unidade 19 do complexo Tatuapé, ao contrário do caso anterior, já mostra resultados positivos. Internos e funcionários ouvidos pela Folha admitiram resistência inicial em relação ao trabalho, mas afirmam que a relação entre eles melhorou.
"É preciso ser transparente, não dá para deixar nada na gaveta. Se omitir alguma coisa, o menino vai falar", afirma o diretor da unidade, Roberto Tadeu Terriaga, 40, sobre a relação entre a unidade e o grupo de voluntários. "Existem problemas e é preciso que eles [os voluntários] participem disso, e não só das coisas boas", disse Terriaga, que foi educador de rua.
Pelo menos nos últimos três anos, segundo ele, não houve rebelião na unidade. A Promotoria da Infância e Juventude abriu, desde 2001, oito procedimentos administrativos, principalmente para investigar denúncias de agressões. Um deles apura a morte, em um incêndio, de um garoto que estava isolado.
"É um começo, mas a humanização deve ocorrer em toda a Febem, e não só em uma unidade. Deve atingir a estrutura da instituição", disse a promotora da Infância e Juventude Sueli Riviera.
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Voluntários estimulam reflexão de internos da Febem
Experiência anterior com voluntários na Febem foi fracassada
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A experiência na unidade 19 do complexo Tatuapé não foi a primeira tentativa de participação externa no acompanhamento psicológico de internos da Febem. Só que, em ocasiões anteriores, a experiência fracassou devido à resistência de funcionários. Voluntários chegaram a testemunhar espancamentos de internos.
Depois da rebelião ocorrida no complexo Imigrantes, em outubro de 1999, a Faculdade de Psicologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo assinou um convênio que mantinha estagiários na Febem.
A principal tarefa dos estudantes era a criação de um programa de intervenção que auxiliasse os adolescentes a refletir sobre a prática de crimes, um dos pontos abordados hoje no trabalho do professor do Mackenzie Carlos Roberto do Prado.
O projeto iria durar, inicialmente, nove meses, mas foi interrompido pela PUC na metade do prazo, depois que estudantes flagraram agressões a internos.
Segundo relatório da direção da faculdade, a permanência dos estudantes nas unidades seria uma forma de compactuar com violações de direitos humanos. "Nossos alunos acompanharam situações de humilhação, de violência e de descuido", disse o relatório.
Em um dos flagrantes, os estagiários viram um "corredor polonês" --no qual internos passam em filas recebendo agressões-- feito por funcionários na chegada do complexo de Franco da Rocha. As unidades 30 e 31, as mais problemáticas, foram desativadas no ano passado.
Outra universidade também cogitou oferecer serviço de psicologia em Franco da Rocha, mas desistiu por causa das rebeliões, denúncias de agressões e por temer pela segurança dos alunos.
A experiência na unidade 19 do complexo Tatuapé, ao contrário do caso anterior, já mostra resultados positivos. Internos e funcionários ouvidos pela Folha admitiram resistência inicial em relação ao trabalho, mas afirmam que a relação entre eles melhorou.
"É preciso ser transparente, não dá para deixar nada na gaveta. Se omitir alguma coisa, o menino vai falar", afirma o diretor da unidade, Roberto Tadeu Terriaga, 40, sobre a relação entre a unidade e o grupo de voluntários. "Existem problemas e é preciso que eles [os voluntários] participem disso, e não só das coisas boas", disse Terriaga, que foi educador de rua.
Pelo menos nos últimos três anos, segundo ele, não houve rebelião na unidade. A Promotoria da Infância e Juventude abriu, desde 2001, oito procedimentos administrativos, principalmente para investigar denúncias de agressões. Um deles apura a morte, em um incêndio, de um garoto que estava isolado.
"É um começo, mas a humanização deve ocorrer em toda a Febem, e não só em uma unidade. Deve atingir a estrutura da instituição", disse a promotora da Infância e Juventude Sueli Riviera.
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