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10/03/2004 - 03h19

Desratização foi intensificada antes das mortes

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FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo

A desratização no Zoológico de São Paulo foi intensificada depois de reclamações de funcionários do local. Antes da morte dos animais, no fim de dezembro do ano passado, a chefe do setor de mamíferos sugeriu o cancelamento de contrato com a empresa MAM do Brasil, que fazia a desratização de alguns setores do local, em razão da ineficácia do trabalho.

O ofício encaminhado à Divisão de Ciências Biológicas relata que havia ocorrido um aumento da população de roedores e que um papagaio chegara a matar um rato a bicadas. Também havia proliferação de ratos no chamado setor extra, onde ficam animais que não são vistos pelo público --a maioria dos bichos mortos, os 43 porcos espinhos, estava no local.

A carta da chefe do setor foi encaminhada à polícia.

A empresa começou a executar o serviço em setembro do ano passado. De acordo com os relatos de funcionários da empresa e do zôo, após a reclamação, já em janeiro, a MAM intensificou os trabalhos, utilizando também uma substância em gás nas tocas dos ratos, além de mais de um outro tipo de veneno nas caixas de madeira com iscas.

Não há qualquer evidência no inquérito de que possa ter sido utilizado na desratização o produto monofluoracetato de sódio, que matou os animais e cujo uso em raticidas é proibido no país. A MAM apresentou à polícia atestados de registro na Vigilância Sanitária e de serviços prestados a outros grandes clientes, como lanchonetes do McDonald's.

A empresa ofertou o melhor preço ao zôo na licitação --R$ 7.940,00 pelo serviço--, segundo documentos. Concorrentes chegaram a pedir mais de R$ 11 mil pela empreitada. A empresa deveria fazer dez aplicações --três quinzenais e sete mensais.

O responsável pela operacionalização das desratizações feita pela empresa disse à polícia não ter formação em química. O responsável técnico é o proprietário.

A reportagem procurou a empresa no fim da tarde de ontem e o responsável pela operacionalização das desratizações, este por meio do telefone celular. Foi informada que só o proprietário poderia falar sobre o assunto. A Folha não conseguiu localizá-lo.

Procurados, os diretores do zôo não se manifestaram.

A diretoria do zôo destacou à polícia que morreram principalmente animais estratégicos. E relatou apenas três problemas envolvendo funcionários: o sumiço de um papagaio --o responsável pelo setor teria morrido, segundo o sindicato dos trabalhadores--, o de alguma quantidade de substância utilizada para anestesiar animais --foi verificado que os controles não eram adequados-- e a manutenção irregular, por um trabalhador, de duas iguanas em uma sala. O funcionário responsável foi demitido.

Funcionários do zôo ouvidos pela polícia disseram desconhecer problemas entre trabalhadores e a diretoria do zoológico.
 

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