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12/03/2004
-
02h46
GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo
Um dia depois da divulgação das denúncias de supostas arbitrariedades policiais, líderes comunitários do Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo, viveram momentos de tensão.
O aparecimento de falsos representantes da Ouvidoria da Polícia e a visita de um oficial da PM à casa de um dos líderes, sem conhecimento da Corregedoria (órgão encarregado de investigar esse caso), mobilizaram ontem entidades de direitos humanos e o ouvidor Itajiba Farias Ferreira Cravo.
"São antigas formas de intimidação. A comunidade vive um momento decisivo, no qual tem que se unir e apontar os casos e os nomes dos culpados", diz Cravo.
Entidades de direitos humanos, associações de moradores e a Ouvidoria denunciam, segundo a Folha relatou ontem, supostas agressões, invasões de domicílio, tentativas de forjar provas e indícios de assassinatos de menores.
Anteontem à tarde, quando a reportagem já tinha informado a Secretaria da Segurança Pública sobre a publicação, dois homens foram à sede da associação dos moradores do Cingapura Chácara Bela Vista. Eles se identificaram como membros da Ouvidoria da Polícia e pediram dados sobre os abusos e endereços dos líderes da região. Os dois homens não informaram seus nomes. "Não eram da Ouvidoria porque não trabalhamos desse jeito", diz Cravo.
Ontem à tarde, nova tensão e mobilização das entidades. Um oficial da 6ª Companhia --unidade que também tem PMs citados nas denúncias-- foi à casa do presidente da Associação dos Moradores do Parque Novo Mundo, Cícero Pinheiro do Nascimento.
A reunião ocorreu na sede da associação. O ouvidor acionou a Corregedoria da PM ao ser informado que era o órgão, não a companhia, o responsável pela investigação. "Cabe à Corregedoria investigar casos como esse. Não acho adequada essa conduta."
O oficial disse à Folha que não estava autorizado a falar. Nascimento diz que ele queria dados sobre abusos e cobrou por que as denúncias não foram feitas à companhia. "Algumas denúncias já tinham sido feitas. Outras não, a população tem medo de represálias."
Para o ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos), as denúncias no Parque Novo Mundo revelam indícios de que os abusos "são procedimentos de rotina adotados por parte da polícia".
Ele relacionou o caso a abusos cometidos em Sapopemba (zona leste) e à morte do dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, baleado por PMs do 5º Batalhão, também alvo de denúncias no Parque Novo Mundo. A secretaria solicitou dados à Ouvidoria da Polícia e o ministro deve decidir hoje quais procedimentos serão tomados.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública ressaltou que a PM "não compactua com ações de maus policiais" e que as denúncias são apuradas com "rigor". "Não existe nenhum caso citado, denunciado ou ocorrido que não tenha sido objeto de apuração pela própria polícia", diz a nota. A secretaria informou que 673 PMs foram demitidos em 2003 e 48 de janeiro a 9 de março deste ano. A secretaria não se posicionou sobre a visita dos falsos membros da Ouvidoria e do oficial ao bairro.
Bairro vive tensão após denúncia contra PM
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da Folha de S.Paulo
Um dia depois da divulgação das denúncias de supostas arbitrariedades policiais, líderes comunitários do Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo, viveram momentos de tensão.
O aparecimento de falsos representantes da Ouvidoria da Polícia e a visita de um oficial da PM à casa de um dos líderes, sem conhecimento da Corregedoria (órgão encarregado de investigar esse caso), mobilizaram ontem entidades de direitos humanos e o ouvidor Itajiba Farias Ferreira Cravo.
"São antigas formas de intimidação. A comunidade vive um momento decisivo, no qual tem que se unir e apontar os casos e os nomes dos culpados", diz Cravo.
Entidades de direitos humanos, associações de moradores e a Ouvidoria denunciam, segundo a Folha relatou ontem, supostas agressões, invasões de domicílio, tentativas de forjar provas e indícios de assassinatos de menores.
Anteontem à tarde, quando a reportagem já tinha informado a Secretaria da Segurança Pública sobre a publicação, dois homens foram à sede da associação dos moradores do Cingapura Chácara Bela Vista. Eles se identificaram como membros da Ouvidoria da Polícia e pediram dados sobre os abusos e endereços dos líderes da região. Os dois homens não informaram seus nomes. "Não eram da Ouvidoria porque não trabalhamos desse jeito", diz Cravo.
Ontem à tarde, nova tensão e mobilização das entidades. Um oficial da 6ª Companhia --unidade que também tem PMs citados nas denúncias-- foi à casa do presidente da Associação dos Moradores do Parque Novo Mundo, Cícero Pinheiro do Nascimento.
A reunião ocorreu na sede da associação. O ouvidor acionou a Corregedoria da PM ao ser informado que era o órgão, não a companhia, o responsável pela investigação. "Cabe à Corregedoria investigar casos como esse. Não acho adequada essa conduta."
O oficial disse à Folha que não estava autorizado a falar. Nascimento diz que ele queria dados sobre abusos e cobrou por que as denúncias não foram feitas à companhia. "Algumas denúncias já tinham sido feitas. Outras não, a população tem medo de represálias."
Para o ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos), as denúncias no Parque Novo Mundo revelam indícios de que os abusos "são procedimentos de rotina adotados por parte da polícia".
Ele relacionou o caso a abusos cometidos em Sapopemba (zona leste) e à morte do dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, baleado por PMs do 5º Batalhão, também alvo de denúncias no Parque Novo Mundo. A secretaria solicitou dados à Ouvidoria da Polícia e o ministro deve decidir hoje quais procedimentos serão tomados.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública ressaltou que a PM "não compactua com ações de maus policiais" e que as denúncias são apuradas com "rigor". "Não existe nenhum caso citado, denunciado ou ocorrido que não tenha sido objeto de apuração pela própria polícia", diz a nota. A secretaria informou que 673 PMs foram demitidos em 2003 e 48 de janeiro a 9 de março deste ano. A secretaria não se posicionou sobre a visita dos falsos membros da Ouvidoria e do oficial ao bairro.
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