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21/03/2004
-
09h09
FÁBIO GRELLET
do Agora
O lançamento do Viagra, primeiro remédio a combater a impotência sexual, em 1998, significou para os idosos --principais vítimas de impotência-- a retomada da virilidade. O sonho de repetir as performances sexuais da juventude se tornava possível --e, em vez de prestigiar a patroa, muitos dividiram a experiência com mulheres mais jovens. Muitas vezes, sem se preocupar com a camisinha.
Resultado: enquanto entre as mulheres com 60 anos ou mais, a incidência da Aids entre 1997 (ano anterior ao lançamento do Viagra) e 2002 --último índice do Ministério da Saúde-- caiu 55%, entre os homens dessa mesma faixa etária o número cresceu 50%.
"Não é novidade que muitos homens contraem Aids ao 'pular a cerca' porque não têm a responsabilidade de usar a camisinha", diz o médico Clineu de Mello Almada Filho, diretor do Instituto de Geriatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"A diferença é que, com os remédios que garantem a ereção, aumentou o número de homens que retomaram a vida sexual. Essa geração cresceu sem a preocupação de usar camisinha, porque iniciou a vida sexual muito antes do surgimento da Aids", explica o médico.
Segundo Almada Filho, nos últimos anos, todas as áreas da medicina evoluíram, garantindo melhor qualidade de vida aos idosos, sejam homens ou mulheres.
"A reposição hormonal também garantiu uma vida melhor às mulheres. Mas, muitas vezes, nessa faixa etária, os casamentos já estão desgastados, a mulher tem menos lubrificação na vagina, e o homem acaba procurando outra mais jovem", diz a infectologista Eliane Fonseca, do Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, órgão do governo estadual.
"Existem campanhas para divulgar os remédios contra a impotência, mas ninguém se preocupou em ressaltar aos idosos que eles também precisam se proteger da Aids", diz Almada Filho.
Além da doença, os idosos soropositivos têm de enfrentar o preconceito --que muitas vezes vêm da própria família.
"É difícil aceitar que nossos avós tenham vida sexual. Por isso, a reação, na família, é de espanto", diz o geriatra.
A atividade sexual dos idosos já surpreendeu até Eliane Fonseca, que foi questionada por uma senhora de 72 anos sobre a melhor forma de lubrificar a vagina. A médica atende pacientes soropositivas com mais de 70 anos. "Elas contam que freqüentavam bailes da terceira idade e, na saída, faziam sexo sem proteção. É comum ouvir isso de jovens, mas há um preconceito quando esse comportamento vem de adultos e idosos."
Após Viagra, Aids tem explosão entre mais velhos
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O lançamento do Viagra, primeiro remédio a combater a impotência sexual, em 1998, significou para os idosos --principais vítimas de impotência-- a retomada da virilidade. O sonho de repetir as performances sexuais da juventude se tornava possível --e, em vez de prestigiar a patroa, muitos dividiram a experiência com mulheres mais jovens. Muitas vezes, sem se preocupar com a camisinha.
Resultado: enquanto entre as mulheres com 60 anos ou mais, a incidência da Aids entre 1997 (ano anterior ao lançamento do Viagra) e 2002 --último índice do Ministério da Saúde-- caiu 55%, entre os homens dessa mesma faixa etária o número cresceu 50%.
"Não é novidade que muitos homens contraem Aids ao 'pular a cerca' porque não têm a responsabilidade de usar a camisinha", diz o médico Clineu de Mello Almada Filho, diretor do Instituto de Geriatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"A diferença é que, com os remédios que garantem a ereção, aumentou o número de homens que retomaram a vida sexual. Essa geração cresceu sem a preocupação de usar camisinha, porque iniciou a vida sexual muito antes do surgimento da Aids", explica o médico.
Segundo Almada Filho, nos últimos anos, todas as áreas da medicina evoluíram, garantindo melhor qualidade de vida aos idosos, sejam homens ou mulheres.
"A reposição hormonal também garantiu uma vida melhor às mulheres. Mas, muitas vezes, nessa faixa etária, os casamentos já estão desgastados, a mulher tem menos lubrificação na vagina, e o homem acaba procurando outra mais jovem", diz a infectologista Eliane Fonseca, do Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, órgão do governo estadual.
"Existem campanhas para divulgar os remédios contra a impotência, mas ninguém se preocupou em ressaltar aos idosos que eles também precisam se proteger da Aids", diz Almada Filho.
Além da doença, os idosos soropositivos têm de enfrentar o preconceito --que muitas vezes vêm da própria família.
"É difícil aceitar que nossos avós tenham vida sexual. Por isso, a reação, na família, é de espanto", diz o geriatra.
A atividade sexual dos idosos já surpreendeu até Eliane Fonseca, que foi questionada por uma senhora de 72 anos sobre a melhor forma de lubrificar a vagina. A médica atende pacientes soropositivas com mais de 70 anos. "Elas contam que freqüentavam bailes da terceira idade e, na saída, faziam sexo sem proteção. É comum ouvir isso de jovens, mas há um preconceito quando esse comportamento vem de adultos e idosos."
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