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22/03/2004
-
08h14
da Folha de S.Paulo
Nas margens da represa Jaguari-Jacareí, que faz parte do sistema Cantareira, há de tudo: roças, chácaras, condomínios de luxo, marinas e eucalipto. O cenário bate com a avaliação que o ISA faz dos impactos do Cantareira para a região e com as dificuldades que os órgãos responsáveis relatam ter para controlar os usos. A história do agricultor Durval Furtado Almeida, 56, é um exemplo.
"Vivo aqui há 40 anos. No lugar da represa, corria um riacho e tinha muita mata, mas o pessoal já plantava principalmente arroz. Para fazer as roças, a gente queimava as árvores. Depois que alagaram a represa, a maioria do pessoal foi embora, mas ficaram umas 30, 40 pessoas", conta.
Hoje quase não há mais floresta; a cada ano, a vertente de onde ele tira água fica mais fraca, mas Almeida diz não querer ir embora. "Quem saiu foi trabalhar em fábricas ou virou pedreiro, ajudante geral, mas eu só sei plantar."
Do outro lado do reservatório, placas na estrada indicam os tipos de uso: condomínios e marinas.
Na maior dessas marinas, a Confiança, o dono, Sidney José Trindade, diz lutar contra a Sabesp num processo porque a empresa não quer embarcações a motor na água e pede a retirada da lanchonete e do restaurante erguidos na área que pertence a ela.
"Os comodatos nessa região venceram e está todo mundo irregular, mas ninguém consegue novas autorizações por causa da burocracia da Sabesp." O problema é admitido pela empresa, que diz estar tentando resolvê-lo.
Enquanto isso, Trindade busca autorização para plantar quase 800 árvores, a maioria espécies nativas, na beira da represa. Quer também tratar todo o esgoto da marina, que hoje vai para fossas.
Não muito longe dali, condomínios onde casas são vendidas a mais de R$ 1,5 milhão trocaram as matas ciliares por jardins, palmeiras e rampas de acesso à represa. Tudo com autorização da prefeitura e sem controle da Sabesp.
Num passeio pelo reservatório, é possível, por causa do seu baixo nível (o Cantareira tinha, sexta-feira, 17,5% da capacidade), ver o resultado mais evidente de tudo isso: o assoreamento. Bancos de areia de mais de dois metros, que apareceram com a seca, hoje estão cobertos por mato.
Represa do Cantareira tem roça, marina e condomínio
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Nas margens da represa Jaguari-Jacareí, que faz parte do sistema Cantareira, há de tudo: roças, chácaras, condomínios de luxo, marinas e eucalipto. O cenário bate com a avaliação que o ISA faz dos impactos do Cantareira para a região e com as dificuldades que os órgãos responsáveis relatam ter para controlar os usos. A história do agricultor Durval Furtado Almeida, 56, é um exemplo.
"Vivo aqui há 40 anos. No lugar da represa, corria um riacho e tinha muita mata, mas o pessoal já plantava principalmente arroz. Para fazer as roças, a gente queimava as árvores. Depois que alagaram a represa, a maioria do pessoal foi embora, mas ficaram umas 30, 40 pessoas", conta.
Hoje quase não há mais floresta; a cada ano, a vertente de onde ele tira água fica mais fraca, mas Almeida diz não querer ir embora. "Quem saiu foi trabalhar em fábricas ou virou pedreiro, ajudante geral, mas eu só sei plantar."
Do outro lado do reservatório, placas na estrada indicam os tipos de uso: condomínios e marinas.
Na maior dessas marinas, a Confiança, o dono, Sidney José Trindade, diz lutar contra a Sabesp num processo porque a empresa não quer embarcações a motor na água e pede a retirada da lanchonete e do restaurante erguidos na área que pertence a ela.
"Os comodatos nessa região venceram e está todo mundo irregular, mas ninguém consegue novas autorizações por causa da burocracia da Sabesp." O problema é admitido pela empresa, que diz estar tentando resolvê-lo.
Enquanto isso, Trindade busca autorização para plantar quase 800 árvores, a maioria espécies nativas, na beira da represa. Quer também tratar todo o esgoto da marina, que hoje vai para fossas.
Não muito longe dali, condomínios onde casas são vendidas a mais de R$ 1,5 milhão trocaram as matas ciliares por jardins, palmeiras e rampas de acesso à represa. Tudo com autorização da prefeitura e sem controle da Sabesp.
Num passeio pelo reservatório, é possível, por causa do seu baixo nível (o Cantareira tinha, sexta-feira, 17,5% da capacidade), ver o resultado mais evidente de tudo isso: o assoreamento. Bancos de areia de mais de dois metros, que apareceram com a seca, hoje estão cobertos por mato.
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