Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/03/2004 - 03h13

Grupo leva porta do século 19 de escritório na zona sul do Rio

Publicidade

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio

O arquiteto Sérgio Rodrigues, 76, um dos principais nomes do design e da arquitetura nacional, deparou-se na quinta-feira passada com um furto inusitado: a porta de seu escritório, uma relíquia do século 19 avaliada em R$ 20 mil, foi arrancada e levada na madrugada.

O que chamou a atenção do arquiteto e de sua mulher, Vera Beatriz Rodrigues, foi que os ladrões sabiam da importância do objeto, o que os leva a crer que se trata de um caso de roubo encomendado.

Segundo Vera Rodrigues, os ladrões entraram por volta das 3h por uma janela nos fundos da casa, em Botafogo (zona sul do Rio). Eles trancaram um funcionário que dormia no local e, com calma e perícia, tiraram a porta de 3,5 metros de altura por 1,5 metro de largura.

"Eles sabiam que só poderiam arrancar a porta se fizessem isso de dentro da casa. Ladrões já haviam tentado entrar no escritório e não conseguiram abri-la. Também estavam preparados para levá-la. A porta é muito pesada e só cabe num caminhão."

Segundo ela, os ladrões não levaram mais nenhum objeto da casa. Nem mesmo as famosas cadeiras projetadas por Rodrigues --criador da poltrona "Mole", premiada em 1961 no Concurso Internacional do Móvel, na Itália-- foram levadas. A poltrona "Mole", por exemplo, custa cerca de R$ 5 mil.

O roubo de patrimônio histórico tem crescido no Brasil, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Na maioria dos casos, são crimes encomendados.

A principal dificuldade de quem tem uma peça artística roubada é encontrar policiais qualificados para investigar o crime. Vera Rodrigues contou que, quando foi registrar o crime na 10ª DP, em Botafogo, ouviu o policial que fez o registro dizer que suspeitava que a porta poderia estar no morro Dona Marta, no bairro.

"Não faz sentido uma porta tão valiosa e pesada ter sido levada para um morro. Ela só pode ter sido encomendada por alguma pessoa rica", disse ela.

Responsável na PF (Polícia Federal) pelo setor de Coordenação de Proteção ao Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, o delegado Jorge Barbosa Pontes concordou com Vera.

"Ninguém rouba uma obra de arte para ficar com ela na mão. Ela já vem carimbada. Existe um mercado de colecionadores endinheirados e ávidos por essas peças. Uma porta como essa vai para espaçosas residências."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página