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05/09/2000 - 20h35

Ameaças nazistas levam Petrelluzzi a convocar cúpula da polícia

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CRISPIM ALVES
Coordenador de Cidades da Folha Online

O secretário da Secretária da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinício Petrelluzzi, determinou a realização de uma investigação completa a respeito da bomba entregue a um representante da Anistia Internacional e da carta com supostas ameaças nazistas.

Além de Petrelluzzi, receberam a mesma carta, mas com cabeçalhos diferentes, os presidentes da Comissões de Direitos Humanos da Câmara e da Assembléia Legislativa de São Paulo, o vereador Ítalo Cardoso e o deputado estadual Renato Simões, ambos do PT. Pelo menos outras duas pessoas, jornalistas, receberam a mesma mensagem. Os parlamentares se reúnem hoje com Petrelluzzi para pedir proteção.

O texto da carta, com diversos palavrões e ameaças de "extermínio" a homossexuais, negros, judeus e nordestinos, e a "defensores" desses grupos, é apócrifo. Há uma menção a "raça superior" e "skinheads".

Após as ameaças e a tentativa de atentado a bomba, Petrelluzzi, que não leu a carta que recebeu por estar na Baixada Santista, marcou uma reunião de urgência nesta quarta-feira, a partir das 11h, com integrantes do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) e outros órgãos da polícia de São Paulo.

Marco Antonio Desgualdo, delegado-geral da Polícia Civil, também estará presente. "A resposta a esse tipo de coisa será imediata. É algo intolerável que não pode acontecer por aqui", disse o delegado.

Não foi revelada qual será a estratégia da secretaria. Petrelluzzi também não se manifestou a respeito do assunto. Segundo sua assessoria de imprensa, o Gradi está com o original da carta enviada a Petrelluzzi para tentar descobrir a origem e autoria do texto.

O Gradi é um grupo de inteligência da secretaria que investiga crimes de intolerância, como o racismo. Ele foi criado este ano, após o assassinato do adestrador de cães Edson Neris da Silva, em 6 de fevereiro. Silva foi morto a socos e pontapés na praça da República, centro de São Paulo, por um grupo de skinheads conhecidos como "Carecas do ABC".

Bomba e ameaças

Nos envelopes das cartas e do pacote-bomba, constava como remetente o endereço da Congregação Israelita Paulista. As correspondências foram postadas em diferentes agências dos Correios. A assessoria de imprensa dos Correios informou que empresa não tem como fiscalizar tudo o que é postado.

O secretário geral da congregação, Tomas Freund, disse que não sabe o motivo de o endereço da entidade ter sido colocado como remetente nas cartas. Henry Sobel, presidente do rabinato, pediu para a Polícia Federal investigar o caso.

Na carta, os supostos nazistas ameaçam "exterminar" os principais defensores de "sub-raças... para dar um exemplo de quem dominará o mundo. Escolhemos um de cada grupo para dar uma lição para servir de exemplo".

Por volta das 13h desta terça-feira, José Eduardo Bernardes da Silva, um dos coordenadores da Anistia Internacional em São Paulo, recebeu em seu apartamento, em Higienópolis, um pacote com uma bomba que tinha desenhos da suástica (símbolo do nazismo).

O artefato, que era feito com pólvora, foi desarmado por policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais, da Polícia Militar) no jardim do edifício onde mora o coordenador da Anistia Internacional. Ninguém ficou ferido.

O tenente Dorival Migananelli, do Gate, disse que a bomba, caso tivesse explodido, poderia matar várias pessoas.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, a carta foi protocolada hoje no gabinete de Petrelluzzi. O secretário não chegou a lê-la, pois estava na Baixada Santista.

No texto, além das ofensas a homossexuais, negros, judeus e nordestinos, os supostos nazistas desafiam a polícia a prendê-los. "Não esqueça que temos proteção de gente muito poderosa. Não adianta querer proteger... o cara da anistia. Desta vez eles vão dançar. O que o Gradi vai fazer? Nos prender? Estamos com muito medo. Seus babacas", diz outro trecho.

Segundo a carta, o suposto "extermínio" acontecerá na próxima quinta-feira, 7 de setembro (Dia da Independência). "Ficamos um tempo sem aparecer, pois estávamos nos organizando para, a partir do dia 7 de setembro, aproveitar a data para libertar o Brasil desses excrementos."

E-mail: crispimalves@uol.com.br

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