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05/05/2004
-
02h53
ELIANE CANTANHÊDE
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O ministro da Defesa, José Viegas, informou ontem à Folha que o Exército será usado a partir da próxima semana no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a primeira autoridade a admitir publicamente a operação.
"O Exército vai ser usado no Rio. Foi uma determinação do presidente da República, que é sensível à violência a que tem sido exposta a população do Estado", disse o ministro, que participou, na segunda-feira passada, da reunião com Lula em que a decisão foi tomada.
"A partir do dia 10 [segunda-feira], as Forças Armadas já estarão em condições práticas de atuar", acrescentou Viegas.
Riscos
Estavam presentes à reunião os ministros José Dirceu (Casa Civil), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), que avaliaram, inclusive, os riscos de uma operação militar em favelas com milhares, até milhões de civis.
"Risco sempre existe, é uma possibilidade, mas é menor do que o risco ao qual a população do Rio já está sendo submetida", disse Viegas, ele próprio carioca.
Uma das preocupações é justamente com o que ele chamou de "convencimento da opinião pública", alertando para os riscos inerentes a uma operação como essa, que pode, em tese, fazer vítimas entre inocentes.
Ações
Segundo o ministro da Defesa, haverá "operações pontuais" do Exército em conjunto com a Polícia Militar do Rio. Isso significa, por exemplo, a ocupação de uma das favelas conflagradas durante um dia inteiro, como se fosse uma varredura à procura de líderes de quadrilhas e de armas.
Toda a operação está sendo negociada com a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e com o secretário de Segurança e marido dela, Anthony Garotinho. Segundo Viegas, eles já aceitaram uma condição fundamental: "Em toda e qualquer operação do Exército e da polícia, o Exército terá o controle operacional".
Esse controle, na prática, será exercido pelo comandante militar do Leste, general-de-exército Manoel Luiz Valdevez de Castro, que deverá ter apoio de unidades principalmente de dois batalhões de elite: o de Operações Especiais, no próprio Rio, e o de Infantaria Pára-quedista, em Goiânia. Somados, eles têm 5.600 homens, mas Viegas ressaltou que não serão todos eles desviados para a operação de combate ao crime no Rio.
Rosinha havia requisitado 4.000 homens, mas o número não está definido.
O ministro, porém, ressalvou que não há intenção de o Exército "ficar mandando na polícia do Rio", mas apenas comandando as operações específicas.
O ministro também destacou que, exatamente por causa dos riscos de "acidentes" com a população civil, as tropas empregadas serão principalmente profissionais, praticamente sem recrutas. A Aeronáutica e a Marinha também deverão colaborar.
Preparação
O protocolo de ação conjunta deverá ser assinado na próxima segunda-feira, entre o governo federal e o governo do Estado. A partir daí, a operação será deflagrada a qualquer momento: "O desdobramento será urgente", disse Viegas.
Conforme a Folha apurou, a operação militar no Rio já vem sendo preparada de forma sigilosa há meses. A inteligência do Exército já atua, levantando inclusive quais os quadros que são confiáveis e quais os que não são na própria polícia do Estado.
Uma das grandes preocupações é exatamente essa: a do vazamento de locais, datas e táticas das operações de ocupação, o que poderia deixar os militares não só em situação vulnerável como até humilhante. Ou seja: invadir determinada favela e encontrar tudo previamente "limpo".
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O ministro da Defesa, José Viegas, informou ontem à Folha que o Exército será usado a partir da próxima semana no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a primeira autoridade a admitir publicamente a operação.
"O Exército vai ser usado no Rio. Foi uma determinação do presidente da República, que é sensível à violência a que tem sido exposta a população do Estado", disse o ministro, que participou, na segunda-feira passada, da reunião com Lula em que a decisão foi tomada.
"A partir do dia 10 [segunda-feira], as Forças Armadas já estarão em condições práticas de atuar", acrescentou Viegas.
Riscos
Estavam presentes à reunião os ministros José Dirceu (Casa Civil), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), que avaliaram, inclusive, os riscos de uma operação militar em favelas com milhares, até milhões de civis.
"Risco sempre existe, é uma possibilidade, mas é menor do que o risco ao qual a população do Rio já está sendo submetida", disse Viegas, ele próprio carioca.
Uma das preocupações é justamente com o que ele chamou de "convencimento da opinião pública", alertando para os riscos inerentes a uma operação como essa, que pode, em tese, fazer vítimas entre inocentes.
Ações
Segundo o ministro da Defesa, haverá "operações pontuais" do Exército em conjunto com a Polícia Militar do Rio. Isso significa, por exemplo, a ocupação de uma das favelas conflagradas durante um dia inteiro, como se fosse uma varredura à procura de líderes de quadrilhas e de armas.
Toda a operação está sendo negociada com a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e com o secretário de Segurança e marido dela, Anthony Garotinho. Segundo Viegas, eles já aceitaram uma condição fundamental: "Em toda e qualquer operação do Exército e da polícia, o Exército terá o controle operacional".
Esse controle, na prática, será exercido pelo comandante militar do Leste, general-de-exército Manoel Luiz Valdevez de Castro, que deverá ter apoio de unidades principalmente de dois batalhões de elite: o de Operações Especiais, no próprio Rio, e o de Infantaria Pára-quedista, em Goiânia. Somados, eles têm 5.600 homens, mas Viegas ressaltou que não serão todos eles desviados para a operação de combate ao crime no Rio.
Rosinha havia requisitado 4.000 homens, mas o número não está definido.
O ministro, porém, ressalvou que não há intenção de o Exército "ficar mandando na polícia do Rio", mas apenas comandando as operações específicas.
O ministro também destacou que, exatamente por causa dos riscos de "acidentes" com a população civil, as tropas empregadas serão principalmente profissionais, praticamente sem recrutas. A Aeronáutica e a Marinha também deverão colaborar.
Preparação
O protocolo de ação conjunta deverá ser assinado na próxima segunda-feira, entre o governo federal e o governo do Estado. A partir daí, a operação será deflagrada a qualquer momento: "O desdobramento será urgente", disse Viegas.
Conforme a Folha apurou, a operação militar no Rio já vem sendo preparada de forma sigilosa há meses. A inteligência do Exército já atua, levantando inclusive quais os quadros que são confiáveis e quais os que não são na própria polícia do Estado.
Uma das grandes preocupações é exatamente essa: a do vazamento de locais, datas e táticas das operações de ocupação, o que poderia deixar os militares não só em situação vulnerável como até humilhante. Ou seja: invadir determinada favela e encontrar tudo previamente "limpo".
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