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06/09/2000 - 15h23

Militante da Anistia deve deixar SP em razão de ameaças

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FABIANE LEITE
da Folha Online

José Eduardo Bernardes da Silva, 40, militante da Anistia Internacional em São Paulo, disse que deve deixar a cidade nos próximos dias por questões de segurança.

Segundo apurou a reportagem, Silva deve ir para o exterior. Ele recebeu ontem, em sua casa, em Higienópolis, uma bomba com alta capacidade de destruição. O artefato foi desarmado pela polícia, que suspeita que skinheads sejam os autores do atentado.

Silva vinha recebendo ameaças por carta e por telefone de skinheads. Ele afirmou que essas pessoas que o ameaçam têm bons conhecimentos, falam bem
o português, e provavelmente são de classe média alta.

Silva participa neste momento de uma reunião na Secretaria de Segurança Pública para discutir medidas de segurança contra possíveis ataques de skinheads nos próximos dias.

Nesta manhã, o integrante de uma associação que defende homossexuais também recebeu uma bomba.

O integrante da Anistia Internacional diz que o caso é de extrema gravidade.

Silva alertou que as ameaças devem continuar, principalmente no 7 de setembro, pois os skinheads são grupos nacionalistas. Ele disse ainda que no fim de setembro ocorre o reveillon judaico. Os skinheads também
realizam atividades contra os judeus.

O promotor Carlos Cardoso, assessor de Direitos Humanos da Procuradoria Geral de Justiça de São paulo, disse que a bomba enviada a Silva é uma tentativa de homicídio duplamente qualificado, cuja pena pode chegar de quatro a 20 anos de reclusão.

Cardoso, que participa da reunião, disse ainda que os autores do atentados podem responder por crimes de discriminação racial (1 a 3 anos de prisão), ameaça (1 a 6 meses de prisão) e por fazer propaganda do nazismo (2 a 5 anos de prisão).

Cardoso disse afirmou ainda que o Ministério Público mantém um banco de dados sobre grupos como os skinheads. Nesses arquivos já há informações de quatro a cinco grupos, segundo ele, que não soube no entanto dar maiores dados.

Segundo o promotor, até hoje há três processos na Justiça contra membros de grupos nacionalistas, entre eles os jovens que assassinaram o adestrados Edson Neris, em fevereiro, por ele ser homossexual.

Segundo Cardoso, esses grupos têm ações organizadas e identificação com a extrema direita, além de pregar a discriminação contra negros, nordestinos, judeus e homossexuais.

Ele disse ainda que esses grupos se identificam com a doutrina nazista e costumam agir por meio da distribuição de panfletos e mensagens na Internet, além dos ataques como o ocorrido contra o adestrador.



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