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13/05/2004
-
03h13
da Folha de S.Paulo
A análise feita pelo IC --como a esmagadora maioria dos testes quantitativos-- tem limite de detecção. Isso significa que o método só consegue identificar a presença do monofluoracetato de sódio nas amostras de isca e comida se o veneno lá estiver em determinadas concentrações.
No caso específico, os peritos verificaram que só conseguiriam detectar a substância com 95% de certeza se ela estivesse presente nas amostras nas seguintes concentrações --8 mg por grama de isca; 5 mg/ml de água e 13 mg/g de fruta. Resultado: não estava.
Isso significa que nas amostras não havia monofluoracetato em concentrações iguais ou superiores às descritas acima. E abaixo?
"Você está perguntando se é possível, num nível de detecção menor do que o nosso, haver uma concentração tal de monoflúor que pudesse levar à morte um animal que comesse muito daquilo? Sim, é possível. Mas é muito improvável", afirma a perita Alessandra Pereira da Silva, 31, uma das três que assinam o laudo.
Silva diz ainda que também seria possível reduzir o limite de detecção da análise. O investimento de tempo e dinheiro, no entanto, segundo ela, seria desproporcional ao resultado a obter.
"A gente nunca iria afastar 100% a hipótese [de as amostras analisadas estarem envenenadas], mas, no material encaminhado, posso garantir com quase 100% de certeza que não há veneno. Isso não significa que não tenha havido envenenamento por essa via. Afinal, se as amostras estão conosco, é porque sobraram. Essas não mataram ninguém", diz Osvaldo Negrini Neto, 54, diretor do centro de análises do IC.
Para os peritos, é "possível", mas não é "razoável" que alguém com intenção de matar os animais tenha adicionado o veneno a iscas ou alimentos em uma concentração menor do que detectável pelo teste e ainda de forma homogênea --com a mesma concentração em toda a comida, por exemplo.
"Mesmo com um limite muito menor [de detecção], eu tenho certeza de que a gente não pegaria nada. É impressão de quem virou várias noites trabalhando nessa análise. Mas academicamente eu não posso dizer isso", diz Silva.
O laudo, porém, não inclui a convicção pessoal da perita. Nele, tudo que o IC pode garantir é que não há veneno acima dos limites fixados pelos seus testes.
A análise em questão foi a segunda tentada pela perícia em 33 amostras apreendidas no zôo nos dias 9 e 10 de fevereiro --18 de iscas, 7 de água do fosso dos animais, 5 de restos de comida e 3 de outros materiais.
Na primeira, feita com outra técnica, o resultado foi ainda pior: indicou o mesmo comportamento para amostras que não tinham monofluoracetato e para porções contaminadas pelo veneno. "Isso significa que para buscar monoflúor em isca de rato a técnica é inespecífica, pois coisas que existem na iscas interferem nos resultados", disse Silva.
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Saiba mais sobre as mortes no zôo
Rastro de veneno pode ter sido invisível a análise
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A análise feita pelo IC --como a esmagadora maioria dos testes quantitativos-- tem limite de detecção. Isso significa que o método só consegue identificar a presença do monofluoracetato de sódio nas amostras de isca e comida se o veneno lá estiver em determinadas concentrações.
No caso específico, os peritos verificaram que só conseguiriam detectar a substância com 95% de certeza se ela estivesse presente nas amostras nas seguintes concentrações --8 mg por grama de isca; 5 mg/ml de água e 13 mg/g de fruta. Resultado: não estava.
Isso significa que nas amostras não havia monofluoracetato em concentrações iguais ou superiores às descritas acima. E abaixo?
"Você está perguntando se é possível, num nível de detecção menor do que o nosso, haver uma concentração tal de monoflúor que pudesse levar à morte um animal que comesse muito daquilo? Sim, é possível. Mas é muito improvável", afirma a perita Alessandra Pereira da Silva, 31, uma das três que assinam o laudo.
Silva diz ainda que também seria possível reduzir o limite de detecção da análise. O investimento de tempo e dinheiro, no entanto, segundo ela, seria desproporcional ao resultado a obter.
"A gente nunca iria afastar 100% a hipótese [de as amostras analisadas estarem envenenadas], mas, no material encaminhado, posso garantir com quase 100% de certeza que não há veneno. Isso não significa que não tenha havido envenenamento por essa via. Afinal, se as amostras estão conosco, é porque sobraram. Essas não mataram ninguém", diz Osvaldo Negrini Neto, 54, diretor do centro de análises do IC.
Para os peritos, é "possível", mas não é "razoável" que alguém com intenção de matar os animais tenha adicionado o veneno a iscas ou alimentos em uma concentração menor do que detectável pelo teste e ainda de forma homogênea --com a mesma concentração em toda a comida, por exemplo.
"Mesmo com um limite muito menor [de detecção], eu tenho certeza de que a gente não pegaria nada. É impressão de quem virou várias noites trabalhando nessa análise. Mas academicamente eu não posso dizer isso", diz Silva.
O laudo, porém, não inclui a convicção pessoal da perita. Nele, tudo que o IC pode garantir é que não há veneno acima dos limites fixados pelos seus testes.
A análise em questão foi a segunda tentada pela perícia em 33 amostras apreendidas no zôo nos dias 9 e 10 de fevereiro --18 de iscas, 7 de água do fosso dos animais, 5 de restos de comida e 3 de outros materiais.
Na primeira, feita com outra técnica, o resultado foi ainda pior: indicou o mesmo comportamento para amostras que não tinham monofluoracetato e para porções contaminadas pelo veneno. "Isso significa que para buscar monoflúor em isca de rato a técnica é inespecífica, pois coisas que existem na iscas interferem nos resultados", disse Silva.
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