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04/06/2004 - 08h10

Falta de sangue ameaça cirurgias no HC de Campinas

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FERNANDA BASSETTE
da Folha de S.Paulo, em Campinas

Com seu estoque diário de bolsas de sangue tipo O positivo reduzido em 55%, o Hemocentro do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) pode ter de suspender as cirurgias eletivas (pré-agendadas) dentro de uma semana. O hemocentro é responsável pelo abastecimento de sangue em 88 hospitais da região.

De acordo com o coordenador de coleta de sangue do hemocentro, Wagner de Castro, a causa é a queda do número de doadores.

Castro acredita que a redução do número de doadores e de bolsas de sangue em maio pode estar relacionado à queda da temperatura, à greve dos funcionários da Unicamp e também à Operação Vampiro --escândalo nacional de fraude na saúde que investiga irregularidades em licitações para compra de hemoderivados do sangue pelo Ministério da Saúde.

Operação Vampiro

Na última terça-feira, a Secretaria de Estado da Saúde emitiu nota afirmando que o número de doações no Estado caiu de 2.300 por dia para 1.950, queda de 15%. Em algumas cidades a redução foi mais acentuada, atingindo 30%. A diminuição foi atribuída pela secretaria à Operação Vampiro.

Em Jundiaí, o gerente-médico da Colsan (Sociedade Beneficente de Coleta de Sangue), João Augusto Fernandes Gonçalves, também relacionou a queda do número de doadores na cidade a uma "confusão" gerada na população após a notícia da Operação Vampiro. A Colsan, responsável pelo abastecimento público de sangue em Jundiaí e nas cidades próximas, é uma entidade ligada à Escola Paulista de Medicina.

No caso do hemocentro de Campinas, o problema é com os doadores de sangue do tipo O positivo. Anteontem o hemocentro da Unicamp estava com 155 bolsas desse tipo de sangue em seu estoque enquanto a média histórica do período é de 350 bolsas.

"O sangue O positivo é o mais comum na população e, portanto, o mais utilizado pelos hospitais, principalmente em cirurgias", disse Castro. O coordenador da coleta do hemocentro disse ainda que 85% da população da região têm sangue O positivo e A positivo. Os 15% restantes possuem os outros seis tipos: A negativo, B positivo, B negativo, AB positivo, AB negativo e O negativo.

Paciente

Portadora de uma doença renal crônica, a lavadeira Maria Sato de Paulo, 61, que possui sangue O positivo, precisa realizar transfusões com freqüência.

Se o abastecimento do hemocentro não voltar ao normal, as transfusões também podem ficar comprometidas.

"Tenho anemia e preciso de transfusão. Acho importante que as pessoas se conscientizem e venham doar sangue", disse.

Prioridade

O hemocentro do HC da Unicamp informou que, por conta da situação crítica, a prioridade das bolsas de sangue do tipo O positivo será dada para as cirurgias de emergência e transplantes.

Para se ter uma idéia, uma cirurgia de transplante de fígado consome cerca de 40 bolsas de sangue. Uma cirurgia de redução de estômago utiliza dez bolsas. No caso de um acidente grave, a pessoa pode utilizar cerca de dez.

Não há, no entanto, como estimar a quantidade de cirurgias que deixarão de ser realizadas por conta da falta de bolsas de sangue. De acordo com Castro, o hemocentro só fica sabendo da tipagem sangüínea do paciente na véspera da cirurgia, quando as bolsas são separadas. "Mas se acontecer uma cirurgia de emergência hoje [ontem], por exemplo, posso ter de suspender as agendadas a partir de amanhã. O número de bolsas é muito variável e as situações de emergência são imprevisíveis", disse o coordenador.

No estoque geral de bolsas de sangue no hemocentro, que inclui todo tipo sangüíneo, não há problemas. No mês de maio foram coletadas 4.163 bolsas de sangue. No mesmo período do ano passado foram 4.248.
 

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