Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/06/2004 - 20h39

Justiça indonésia condena brasileiro à morte por tráfico de drogas

Publicidade

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha de S.Paulo, no Rio

A Justiça da Indonésia condenou nesta terça-feira à morte, em primeira instância, o instrutor de vôo livre carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 42, preso desde agosto do ano passado ao tentar entrar no país com 13,4 kg de cocaína.

A defesa tem sete dias para recorrer da decisão na Corte Superior de Bandung, cidade próxima à capital, Jacarta. Caso a sentença seja confirmada, a deliberação final será da Suprema Corte.

O Itamaraty afirma que o julgamento dos recursos pode durar até dois anos. Mesmo sentenciado em última instância, Moreira pode apelar para o indulto presidencial, alternativa pouco provável, segundo a Embaixada do Brasil em Jacarta. Candidata à reeleição, a presidente Megawati Sukarnoputri, 57, defende a pena de morte e o endurecimento contra o tráfico de drogas.

Sentença

Antes de anunciar a sentença, o juiz perguntou se Moreira recorreria da sentença. Ele disse que sim. Neste momento ouviu: "O senhor agiu contra a campanha antidrogas do governo, ameaçou a geração jovem do país e criou uma imagem negativa da Indonésia como nação consumidora de cocaína. O tribunal o condena à morte".

Ao ouvir a decisão, Moreira, vestido com uma camisa de mangas longas roxa e calça branca, curvou a cabeça e fez um gesto cortês com as mãos em sinal de cumprimento.

Além da execução, a promotoria havia pedido multa de US$ 33,3 mil, solicitação desconsiderada pelo juiz diante da pena de morte. Na sentença, Moreira foi considerado um "elo entre uma rede internacional de traficantes". A defensora pública Mona Martina Riang Lubuk disse que irá recorrer.

O jornal "The Jakarta Post" afirma que Moreira é o 27º preso condenado à morte desde 2000, quando foi instituída a nova lei antidrogas no país. Desses, 22 são estrangeiros. Desde a fundação do país, na década de 40, dos 71 condenados à morte, 11 foram executados. Os outros cumprem prisão perpétua ou morreram na cadeia.

Rota

Moreira foi preso em 16 de agosto em Banyuaji, na ilha de Sumbawa (leste do país), duas semanas depois de desembarcar no aeroporto de Jacarta. Ele estava foragido na casa de um amigo.

Ao desembarcar, o esportista foi abordado por policiais, mas conseguiu fugir. A polícia encontrou 13,4 kg de cocaína divididos em 19 sacos na capa de seu equipamento.

Em depoimento à Justiça, Moreira disse ter recebido US$ 10 mil de um amigo, em junho passado, em Bali, para levar a droga do Peru. De Trujillo, ele teria levado a cocaína de carro até Lima, de onde voou até São Paulo e embarcou em um avião da companhia holandesa KLB até Jacarta.

Questionado por jornalistas indonésios sobre como conseguiu escapar do aeroporto e ficar duas semanas foragido, Moreira --que foi repreendido pelo juiz pela fuga-- teria dito ser "David Copperfield", em alusão ao mágico americano.

Arrependimento

Em sua audiência de defesa, o brasileiro disse ao juiz estar arrependido, embora consciente de seu crime, pediu desculpas à Justiça indonésia e solicitou que não fosse condenado à morte, sob o argumento de que é réu primário nos dois países.

Ao juiz, Moreira afirmou que passava por dificuldade financeira após um acidente em 1997, em Bali, interromper sua carreira em competições. Depois de cair de um parapente, ele fraturou o fêmur direito, a bacia, o tornozelo esquerdo e rompeu um dos intestinos.

A mãe de Moreira, a funcionária pública Carolina Archer Pinto, 65, que mora no Rio, viajou para a Indonésia há 19 dias e acompanhou o julgamento do filho.

Leia mais
  • Colegas criticam brasileiro condenado à morte na Indonésia
  • Brasileiro pode recorrer a tribunal e ao Supremo da Indonésia

    Especial
  • Enquete: você acha correto condenar estrangeiros à morte
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o caso
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página