Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/07/2004 - 22h30

Relatório acusa governo do Rio por rebelião que matou 31 pessoas

Publicidade

TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Um relatório da Comissão Externa da Câmara dos Deputados acusa a governadora Rosinha Matheus (PMDB) de incorrer, "em tese", em crime de responsabilidade "ao transferir das delegacias detentos de facções inimigas para a mesma casa de custódia", em Benfica (zona norte do Rio).

Uma rebelião ocorrida na unidade, entre 29 e 31 de maio, resultou em 31 mortes (um agente penitenciário e 30 detentos).

O relatório será votado na terça-feira em Brasília. Caso aprovado, será enviado ao Ministério Público Estadual do Rio e à Justiça.

De acordo com o texto, o governo "abriu ensejo ao morticínio" e não respeitou a "integridade física e moral" dos presos. O governo, pelo menos em tese, teve "culpa consciente" e talvez até "dolo eventual", segundo o relatório.

"A decisão de juntar presos inimigos é política e indecorosa. A falta de decoro pode levar ao impeachment. No caso da Casa de Custódia de Benfica, foi como se os presos tivessem sido condenados à pena de morte", disse a relatora da comissão, deputada federal Denise Frossard (PSDB-RJ).

O texto diz ainda que o governo "tratou os detentos como se fossem mobiliário velho ou entulho de obras e com absoluto pouco caso os familiares dos presos".

O relatório descreve cenas presenciadas pelos deputados em visita à unidade, em 4 de junho. Em frente ao "seguro", onde ficam os presos ameaçados de morte, "havia restos de comida, urina, fezes e sangue humano".

O relatório diz que a unidade recebeu os presos sem estrutura adequada, com obras inacabadas e pessoal desqualificado para a função. Os 24 homens encarregados da segurança no dia da rebelião atuavam "sem treinamento e sem concurso público". Eles são policiais militares aposentados.

Outro lado

A governadora Rosinha Matheus, por meio de sua assessoria de imprensa, incumbiu o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, de falar sobre o assunto. Segundo nota divulgada por Santos, "não havia mistura de facções [na casa de custódia] e sim 176 presos [no seguro] que viviam conflitos anteriores, decorrentes da rua, sem nenhuma relação com o sistema prisional" e que estavam separados de outros presos.

Santos disse ainda que, "embora considere que não se deve cogitar responsabilidade pessoal de qualquer autoridade sobre as lamentáveis mortes, caberia única e exclusivamente" a ele responder por qualquer prática, "uma vez que ela [Rosinha] jamais indicou os procedimentos a serem adotados quando da ocupação dos estabelecimentos prisionais".

Especial
  • Veja mais sobre o tráfico no Rio
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página