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15/08/2004 - 08h42

Poluição afeta 9 dos 11 lagos de parques de SP

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MARIANA VIVEIROS
da Folha de S. Paulo

Sol e céu azul. Dezenas de paulistanos aproveitam para se exercitar no parque da Aclimação (zona sul de SP). À beira do lago, uma senhora faz tai chi chuan ao lado das azaléias. Chegando mais perto da água, porém, a visão é bem diferente. O "perfume" também.

Cinza escuro e opaco, com uma nata verde espessa em alguns trechos da superfície e lixo, o lago exala, em certos pontos, um mau cheiro característico de esgoto.

O paradoxo se repete em quase todos os parques da cidade: 9 dos 11 que têm lagos enfrentam problemas de poluição. Entre os quais o do Ibirapuera, o da Cidade de Toronto e o do Jardim Botânico. Só os lagos dos parques Burle Marx e Água Branca, na zona sul, estão em boas condições.

Embora alguns estejam em regiões nobres e um deles fique em uma área de proteção ambiental, os lagos são vítimas de conexões irregulares e da inadequação da rede de esgoto e das galerias de água da chuva, que não acompanharam o crescimento da cidade.

Lixo jogado no chão e nos córregos que formam os lagos ajuda a completar o quadro de degradação. Os dados são da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que cuida dos 32 parques municipais; do Instituto de Botânica, que mantém o Jardim Botânico; e da direção do Horto Florestal (os dois últimos ligados ao governo).

Os lagos poluídos indicam danos à fauna aquática e ao equilíbrio do ecossistema dos parques e implicam restrições ao aproveitamento dos locais para diversão e lazer contemplativo, diz José Luiz Negrão Mucci, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Peixes e outros animais morrem por falta de oxigênio na água, que se torna imprópria ao contato humano, por ameaça de transmitir doenças. Isso impossibilita uso de pedalinhos, barcos e o nado.

Os lagos muitas vezes apresentam trechos cobertos por uma crosta verde que lembra uma sopa de ervilhas, mas é formada por algas que se proliferam em excesso por causa da abundância de comida: nitrogênio e fósforo. O primeiro resulta da decomposição de matéria orgânica, e o segundo vem em geral de detergentes.

São as algas que consomem o oxigênio da água e causam a mortandade e o mau cheiro.

"Sabesp [companhia de Saneamento básico de SP] e prefeitura têm culpa conjunta na poluição", diz José Roberto Brandão, diretor no Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes) da seção de manutenção dos parques.

As ligações clandestinas de esgoto são feitas pelos moradores, construtores ou, no passado, pela própria Sabesp, que conectava provisoriamente a rede de esgoto na de água da chuva.

"Mas o provisório virou definitivo", diz o engenheiro Luiz Fernando Orsini Yasaki, consultor da Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.

Na área do parque da Aclimação, foram achadas 25 dessas ligações cruzadas. Segundo a Sabesp, todas elas já foram desfeitas.

Quando as ligações clandestinas são feitas pelos moradores, as razões vão desde a falta de informação até economia, uma vez que quem se liga na rede paga o dobro na conta de água (metade do valor equivale ao esgoto recolhido).

Por outro lado, as conexões clandestinas acabam aprovadas pelo município, que, concedendo o habite-se a imóveis nessas condições, lhes dá aval, diz Brandão.

"O sistema separador [redes diferentes para esgoto e água da chuva] só existe no papel", diz Ricardo Araújo, assessor da Diretoria Metropolitana da Sabesp. Segundo ele, além do despejo de esgoto nas galerias, ocorre o inverso. "Por isso às vezes a rede de esgoto não agüenta e extravasa."

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