Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/08/2004 - 04h53

Portuguesa é eleita miss Bangu

Publicidade

ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio

A portuguesa Elizabeth Sardinha, 30, venceu o primeiro concurso de beleza do maior complexo penitenciário do Rio, o de Bangu. Ela derrotou 16 concorrentes (duas delas estrangeiras) e foi eleita ontem "Garota TB 2004". A sigla refere-se ao presídio feminino Talavera Bruce, que viveu dias agitados enquanto aguardava a escolha da mais bela dentre as 310 detentas.

Como uma miss convencional, a portuguesa emocionou-se com os aplausos da platéia --composta, em sua quase totalidade, por presidiárias e agentes penitenciárias--, e disse que havia outras mais belas. "Talvez eu seja a mais simpática."

A socialite Vera Loyola, única celebridade presente, participou do júri e coroou a eleita. Loyola disse que foi a primeira vez que entrou em um presídio e que foi "dar colo" às presas. Sem conhecer as detentas, anunciou que escolheria a que fosse mais bela "por dentro e por fora".

As três primeiras colocadas cumprem pena por tráfico de drogas.

Elizabeth Sardinha foi condenada a quatro anos de prisão, e, segundo ela, faltam dez meses para obter liberdade condicional. Ela foi presa no aeroporto com 600 gramas de cocaína quando seu vôo, que ia de de Lima (Peru) para Madri (Espanha), fez uma escala no Rio. Ela disse que espera voltar a trabalhar como esteticista em Lisboa.

A segunda e a terceira colocadas são as cariocas Kátia Salete, 22, e Bárbara Freitas, 21. A primeira é mãe de cinco filhos (com idades entre sete e um ano) e a única negra entre as primeiras colocadas.

Bárbara era uma das preferidas das presas. Loura e de olhos verdes, teve torcida e até cartaz. "Inha, inha, inha, a Bárbara é uma rainha", gritavam elas a cada entrada da candidata.

O concurso foi organizado pelo jornal "Só Isso", editado pelas presas. Das 17 candidatas, três eram estrangeiras: uma boliviana, uma angolana e a portuguesa. Desfilaram de shorts, de canga e camiseta e de vestido social.

A advogada Jorgina de Freitas, condenada a 14 anos de prisão por fraude contra a Previdência, parecia mãe de miss: orientava a entrada e a saída das candidatas e emprestou vestidos de noite para duas moças.

No Talavera Bruce, a maioria das mulheres tem entre 25 e 35 anos, é solteira e não concluiu o primeiro grau. Das 310 presas, 24 são estrangeiras condenadas por narcotráfico. A alemã Sabrina Hagel, 25, uma das organizadoras do jornal e do concurso, está presa com a mãe, Angela.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página