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23/08/2004 - 21h22

Polícia Federal apreende carga de urânio no Amapá

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JAIRO MARQUES
da Agência Folha

A Polícia Federal no Amapá informou nesta segunda-feira que uma carga com 600 quilos de urânio e tório, minérios com potencial radiativo, foi apreendida no Estado. É a primeira vez que esse tipo de carregamento clandestino é flagrado no país, segundo a polícia.

A apreensão, avaliada em R$ 1,4 milhão, foi feita no mês passado, mas a PF divulgou o fato agora porque esperava o resultado da perícia no material, realizada pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria, no Rio de Janeiro (RJ), e pelo Instituto Nacional de Criminalística, de Brasília (DF).

O DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) foi o responsável por informar a PF que se tratava de carga de urânio e tório. As jazidas desse tipo de minério são de propriedade exclusiva da União e, por lei, devem ser rigorosamente controladas.

O urânio e o tório estavam acondicionados em uma caminhonete, que foi parada por uma fiscalização de rotina da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, entre os municípios de Pedra Branca do Amapari e Porto Grande, próximo à reserva de onde os mineiros foram retirados, a cerca de 120 km de Macapá.

No veículo estavam o suposto dono da carga, que fugiu numa mata fechada no momento da abordagem dos agentes, e o motorista, que foi preso. O material foi mandado para análise devido a suas características: escuro e denso. Inicialmente, a suspeita era que tratava-se de tantalita e cassiterita, minérios explorados no Estado.

Destino

"Pelas investigações, descobrimos que a carga iria para São Paulo, de navio. De lá, muito provavelmente, seguiria para o exterior", disse o delegado Tardelli Cerqueira Boaventura, da PF no Amapá.

A polícia já identificou o dono da carga, que pode ser preso a qualquer momento e já está indiciado por crime ambiental e crime de usurpação de matéria pertencente à União --ele pode cumprir pena de até seis anos de prisão.

Segundo as investigações, o motorista recebeu R$ 20 pelo trabalho. Ele foi liberado.

Os minérios, em textura granulada, estavam em sacos plásticos, prontos para ser comercializados.

Investigações

Técnicos da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e do DNPM devem ajudar nas investigações.

"Acreditamos que essa não foi a primeira vez que esse tipo de extração foi feita no local. Era uma quantidade muito grande de material. Não era coisa de amador. Isso é que está chamando a atenção das autoridades", afirmou Boaventura.

A polícia afirma que o local de onde foi retirado os minérios está sob investigação, mas não há uma equipe o tempo todo fiscalizando a jazida. "Temos orientação de ter toda a atenção para esse caso e assim está sendo feito", disse o delegado.

A reportagem tentou, sem sucesso, durante toda a tarde desta segunda-feira, obter informações do DNPM sobre as medidas que serão tomadas pelo departamento para apurar o caso.

Especialistas ouvidos pela reportagem informaram que, em princípio, o tório e urânio, in natura, não fazem mal nenhum à saúde do homem nem ao ambiente.

Para tornar-se radiativo os minérios precisariam passar por um complexo processo de enriquecimento. Eles não quiseram se pronunciar sobre as propriedades do material, se poderiam ou não ser usados para a fabricação de armas nucleares, por exemplo, sem ter acesso ao laudo da perícia.

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