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30/08/2004 - 09h00

Polícia diz que relato sobre massacre em SP foi espontâneo

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da Folha de S.Paulo

A Polícia Civil informou que os moradores de rua que sobreviveram aos ataques no centro de São Paulo e que já prestaram informações aos investigadores disseram espontaneamente terem sido agredidos por homens vestidos com o uniforme da Guarda Civil Metropolitana. A Prefeitura de São Paulo, porém, a quem a GCM é subordinada, diz que houve direcionamento dos relatos.

O teor das informações prestadas por dois sobreviventes foi informado pela Folha, no sábado. No domingo, o jornal voltou a ouvir um membro da cúpula do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e o secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano.

O relato conhecido e contestado por Mariano é o do paciente José Manuel da Cruz, 49, internado no Hospital Municipal Ermelino Matarazzo. "Nas condições que ele está e da forma como as perguntas foram feitas, até o papa seria citado", diz Mariano. "As declarações dos funcionários sugerem uma gravíssima e intencional indução do depoimento."

A Polícia Civil contesta. Segundo o DHPP, os policiais passam pelos hospitais diariamente. Na terça, Cruz teria relatado espontaneamente a dois deles que o agressor usava roupas da GCM.

Sempre de acordo com a polícia, os dois investigadores voltaram na quarta e, na presença de uma funcionária do hospital e de um segurança, ouviram novamente a vítima, que teria voltado a citar a GCM, mas, dessa vez, num relato confuso, alternando conceitos de ataque e socorro.

Cruz, porém, foi socorrido por um sargento da PM, que prestou depoimento ontem ao DHPP. Na mesma quarta, então, um terceiro relato da vítima foi filmado pela polícia, igualmente confuso.

Corregedoria

Na quinta, o DHPP foi ao hospital ouvir os funcionários da autarquia que haviam presenciado o segundo relato, mas eles não falaram à polícia e passaram a tarde depondo à Corregedoria da GCM.

É com as informações obtidas nessa ocasião que a prefeitura aponta direcionamento. À Corregedoria, os funcionários disseram que a polícia só perguntou se os agressores eram guardas, sem citar outras possibilidades, e dizem que Cruz mudou muito de versão.

A polícia, por sua vez, afirma que os funcionários do hospital não citaram nenhuma indução nas declarações que deram ao DHPP, na sexta, e sustenta ter depoimentos contundentes --seriam quatro, no total-- que reforçam a hipótese de o crime ter sido praticado por um guarda. Ainda assim, as investigações não excluem que a hipótese de o agressor, até simultaneamente, ser um skinhead ou alguém a serviço de comerciantes da região.

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