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01/09/2004
-
21h14
da Folha Online
O crime organizado movimenta, anualmente, em todo o mundo, de 2% a 5% do PIB (Produto Interno Bruto) global, um volume de recursos que pode ser estimado em cerca de US$ 2 trilhões.
Os números foram divulgados nesta quarta-feira pelo representante do UNODC (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime) para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, que participou da abertura do Encontro Internacional de Combate à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos, que acontece no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, até sexta-feira, dia 3.
"Dos US$ 2 trilhões movimentados pelo crime organizado, US$ 1 trilhão está diretamente associado à corrupção", afirmou.
O narcotráfico é responsável por um montante que varia entre US$ 300 bilhões e US$ 400 bilhões, sendo que esse mesmo valor é associado ao tráfico de armas. "O restante eqüivale a roubo de cargas, contrabando e tráfico de seres humanos", explicou o representante, que considera difícil trabalhar com números precisos quando o tema é o crime organizado.
Segundo ele, as cifras anunciadas são "um consenso entre os especialistas". O representante do UNODC ressaltou que o realidade no Brasil não é muito distante do cenário internacional. Sendo assim, o crime organizado no país movimenta recursos que variam entre 2% e 5% do PIB nacional.
Avanços
Sobre o combate à lavagem de dinheiro, o representante do UNODC ressaltou o fato de a comunidade internacional estar avançando no aspecto normativo. Entre 1998 e 2002, subiu de 43% para 69% o percentual de países onde a legislação nacional tipifica a lavagem de dinheiro como crime. No mesmo período, subiu de 70% para 80% o percentual de países que considera a lavagem de dinheiro um crime passível de extradição.
Outro aspecto importante é a conscientização dos governos sobre a importância da investigação qualificada de crimes financeiros. Nos últimos quatro anos, subiu de 52% para 72% o percentual de países com unidades de inteligência financeira voltadas para a investigar a lavagem de dinheiro.
Laços
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil quer estreitar os laços de cooperação internacional no combate à lavagem de dinheiro e na recuperação dos valores desviados. "A coisa que mais entristece é saber que uma pessoa foi punida, que está há anos na cadeia, e depois não se consegue trazer de volta um único centavo para os cofres da instituição que foi roubada", afirmou o presidente.
A secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, anunciou que o governo quer mudar a lei de lavagem de dinheiro, criada em 1998. Segundo ela, uma das propostas em análise prevê o fim dos chamados crimes antecedentes. De acordo com a legislação atual, só pratica a lavagem de dinheiro aquela pessoa que comete um desses crimes antecedentes, como corrupção, seqüestro e tráfico de drogas.
"A lei deve ser mais ampla, para considerar a lavagem de dinheiro a omissão da origem ilícita de recursos obtidos por qualquer crime", disse a secretária. Ela anunciou que em dezembro deste ano o governo realizará uma reunião para avaliar as metas definidas pelo ENCLA (Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro).
Com Agência Brasil
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o crime organizado
Crime organizado movimenta US$ 2 trilhões por ano
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O crime organizado movimenta, anualmente, em todo o mundo, de 2% a 5% do PIB (Produto Interno Bruto) global, um volume de recursos que pode ser estimado em cerca de US$ 2 trilhões.
Os números foram divulgados nesta quarta-feira pelo representante do UNODC (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime) para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, que participou da abertura do Encontro Internacional de Combate à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos, que acontece no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, até sexta-feira, dia 3.
"Dos US$ 2 trilhões movimentados pelo crime organizado, US$ 1 trilhão está diretamente associado à corrupção", afirmou.
O narcotráfico é responsável por um montante que varia entre US$ 300 bilhões e US$ 400 bilhões, sendo que esse mesmo valor é associado ao tráfico de armas. "O restante eqüivale a roubo de cargas, contrabando e tráfico de seres humanos", explicou o representante, que considera difícil trabalhar com números precisos quando o tema é o crime organizado.
Segundo ele, as cifras anunciadas são "um consenso entre os especialistas". O representante do UNODC ressaltou que o realidade no Brasil não é muito distante do cenário internacional. Sendo assim, o crime organizado no país movimenta recursos que variam entre 2% e 5% do PIB nacional.
Avanços
Sobre o combate à lavagem de dinheiro, o representante do UNODC ressaltou o fato de a comunidade internacional estar avançando no aspecto normativo. Entre 1998 e 2002, subiu de 43% para 69% o percentual de países onde a legislação nacional tipifica a lavagem de dinheiro como crime. No mesmo período, subiu de 70% para 80% o percentual de países que considera a lavagem de dinheiro um crime passível de extradição.
Outro aspecto importante é a conscientização dos governos sobre a importância da investigação qualificada de crimes financeiros. Nos últimos quatro anos, subiu de 52% para 72% o percentual de países com unidades de inteligência financeira voltadas para a investigar a lavagem de dinheiro.
Laços
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil quer estreitar os laços de cooperação internacional no combate à lavagem de dinheiro e na recuperação dos valores desviados. "A coisa que mais entristece é saber que uma pessoa foi punida, que está há anos na cadeia, e depois não se consegue trazer de volta um único centavo para os cofres da instituição que foi roubada", afirmou o presidente.
A secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, anunciou que o governo quer mudar a lei de lavagem de dinheiro, criada em 1998. Segundo ela, uma das propostas em análise prevê o fim dos chamados crimes antecedentes. De acordo com a legislação atual, só pratica a lavagem de dinheiro aquela pessoa que comete um desses crimes antecedentes, como corrupção, seqüestro e tráfico de drogas.
"A lei deve ser mais ampla, para considerar a lavagem de dinheiro a omissão da origem ilícita de recursos obtidos por qualquer crime", disse a secretária. Ela anunciou que em dezembro deste ano o governo realizará uma reunião para avaliar as metas definidas pelo ENCLA (Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro).
Com Agência Brasil
Especial
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