Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/09/2004 - 06h51

Na região dos Jardins, 26% das árvores estão ameaçadas

Publicidade

da Folha de S. Paulo

Quem passeia pelas ruas arborizadas dos Jardins, em São Paulo, pode não imaginar que, dentro de cinco anos, é provável que grande parte dessas árvores não esteja mais ali. Dados preliminares de uma pesquisa realizada pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) mostram que, de 400 árvores analisadas, 26% correm risco de cair nesse período. Na verdade, a situação é ainda mais crítica para parte dessas árvores: 16% podem cair dentro de dois anos.

A operação Árvore Saudável, que avalia pela primeira vez as condições das árvores na cidade, foi encomendada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente no ano passado para identificar as principais causas de queda de árvores e, com isso, tentar evitar o problema.

Os dados mostram uma situação crítica, mas não decretam a morte de todas as árvores que apresentam alto risco de queda. "O que o índice faz é levar a um estado de alerta, mostrar que algo precisa ser feito ali. A prefeitura terá que analisar cada caso e ver se pode fazer um manejo que garanta uma vida maior à árvore", afirma o biólogo Sérgio Brazolin, coordenador do projeto.

O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo, afirma que a retirada das árvores só será feita em último caso. "Se elas não tiverem possibilidade de tratamento, terão de ser substituídas por árvores mais jovens. São árvores bonitas, significativas para a população, e queremos tratá-las."

A municipalidade não dispõe de dados sobre o número de árvores que caem anualmente em São Paulo. Um dia antes de a secretaria contratar o IPT, em março do ano passado, um homem morreu devido à queda de uma tipuana.
Os pesquisadores cruzaram cerca de 60 informações sobre cada árvore para determinar o seu risco de queda. Ainda serão analisadas, por exemplo, a inclinação da copa e a permeabilização do solo ao redor das raízes.

Na primeira fase da pesquisa, que deve ser concluída em dezembro, serão analisadas 6.748 árvores em sete regiões de São Paulo: Jardins, Alto de Pinheiros, Pacaembu-Sumaré, Vila Nova Conceição, Lapa, Paraíso e Alto da Boa Vista. Por enquanto, só foi calculado o risco de queda de árvores da região dos Jardins.

A meta da prefeitura, porém, é expandir a pesquisa para toda a cidade. Essas sete regiões foram escolhidas por serem bem arborizadas, com árvores de mais de 70 anos que, segundo levantamentos anteriores do IPT, estão infestadas por cupins subterrâneos.

O principal problema encontrado nas árvores analisadas, segundo Brazolin, foi a presença de cupins. A infestação em São Paulo será abordada em um projeto-piloto, que será lançado nesta semana.

Em segundo lugar, estão as podas malfeitas, que desequilibram a copa e facilitam a entrada de microorganismos nocivos à planta.

Para o engenheiro florestal Rudi Arno Seitz, especialista em podas, falta uma formação adequada dos técnicos que realizam esse trabalho. No ano passado, Seitz, que é professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), veio duas vezes a São Paulo ministrar cursos sobre podas a equipes das subprefeituras e da Eletropaulo.

Outro problema, segundo Seitz, é cultural: falta à população a percepção --a princípio, óbvia-- de que a árvore é um ser vivo. "As propagandas de prédios mostram jardins maravilhosos. Mas as pessoas esquecem que árvores crescem e perdem folhas. Os que se incomodam, pedem podas drásticas, que mutilam as árvores."

A opinião é reforçada pela pesquisa do IPT. "Percebemos uma relação ruim das pessoas com as árvores. Machucam, arrancam a casca, cortam a raiz e impermeabilizam o solo ao redor. Isso afeta a saúde da planta, o que pode levar à sua queda", afirma Brazolin.

Um manual de poda foi lançado na semana passada pela prefeitura. De acordo com o secretário Diogo, a meta é adotar "uma poda mais científica".

Leia mais
  • Software tenta descobrir número de árvores nas ruas de SP

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre árvores em São Paulo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página