Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/09/2004 - 05h39

Hábito de correr e competir vira mania entre paulistas

Publicidade

ESTANISLAU DE FREITAS
da Revista da Folha

Diz o clichê que São Paulo gosta de correria --e parece que é pura verdade. Nos nove meses deste ano, a FPA (Federação Paulista de Atletismo) já atuou em mais corridas no Estado do que nos três anos anteriores somados. Foram 80 eventos contra 11 em 2001, 17 em 2002 e 34 em 2003.

A explosão, iniciada lentamente nos anos 90, é confirmada por organizadores de corridas, treinadores, federação de atletismo, gente ligada ao marketing esportivo, médicos e corredores. "Houve uma mudança de mentalidade. Antes o espírito era puramente competitivo, hoje está vinculado mais à idéia de ganho em qualidade de vida", analisa o coordenador do Departamento de Corrida de Rua da FPA , Cristiano Francisco Barbosa, 39.

Não é só o número de eventos que cresce, mas o de corredores. A corrida do Centro Histórico de São Paulo reuniu 700 pessoas na primeira edição em 1996, e chegou aos 6.500 neste ano. A Corpore, uma ONG que organiza treinos e corridas, tinha em 1992 cerca de 200 cadastrados e hoje registra 75 mil corredores.

A atividade virou também um grande negócio. Só em inscrições esse mercado, segundo a FPA, movimentará R$ 7 milhões neste ano no Estado. Dados da Corpore apontam que cada evento dá ocupação a algo entre 800 e mil pessoas, entre socorristas, médicos, bloqueios, pessoal da medição, inscrições, organização, arbitragem, montagem de kits, placas, palcos, grades e barracas.

Há dois anos foi criada a ATC (Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo), com 85 professores de educação física. "É um meio de melhorar a qualidade de vida e ainda facilita a sociabilidade", diz o presidente da ATC, Cláudio Roberto de Castilho, 35.

A prática de correr também tem ajudado na melhoria do ambiente de trabalho. Tanto que a Corpore criou até um ranking corporativo para suas corridas. Funcionários das empresas literalmente vestem a camisa e seus desempenhos somam pontos no ranking, do qual participam Itaú, Pão de Açúcar, Bovespa, BankBoston e Laboratórios Fleury, entre outras.

Casamento

Como qualquer atividade que incentiva o convívio, nos treinos, nas corridas e no encontro diário nos parques acontecem também amizades, paqueras, paixões e até casamentos, como o do treinador Ricardo Yamaoka, 41, com a empresária "ex-sedentária" Mônica Yamaoka, 41. Quando começou a correr, Mônica foi treinar com Ricardo. "Fomos ficando amigos e nos apaixonamos", diz o marido. Eles estão casados há dois anos.

Quem confessa ser viciada nos exercícios é a ex-apresentadora Sabrina Parlatore, 29. "Corro há três anos. É quase uma obsessão."

Com certeza, Sabrina não supera Lau Yeng Tang. Aos 81 anos, ele corre 10 km todos os dias. Bicampeão da São Silvestre 2002/2003, ele disputa na categoria 70-79 anos, pois para a idade dele nem existe faixa. "Comecei a correr meio de brincadeira e não parei mais." O hábito já dura 41 anos.

A princípio, com acompanhamento, qualquer pessoa pode correr, mesmo quem vive com um coração transplantado ou com pontes de safena. Mas Paulo Roberto Santos Silva, fisiologista do Hospital das Clínicas de SP, faz uma ressalva para quem sofre de doença de Chagas. "Não é aconselhável porque a doença provoca arritmias sérias do coração."

O treinador Yamaoka alerta os obesos a não começar a malhação pela corrida. "É um peso excessivo sobretudo para os joelhos."

Outro alerta importante é fazer um lanche leve antes de correr. E tomar muita água.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre corridas de rua
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página