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Olhos
entreabertos
Parece
que agora os poderosos perceberam que não adianta
fingir que em casa estão seguros. Demorou, mas
aconteceu. Como se pode ver nos noticiários em
geral, a violência nas pequenas e grandes cidades
não é de hoje. Porém agora, como
está chegando muito perto dos mais afortunados
e importantes, ficou urgente e intolerável. Talvez
se medidas mais severas fossem aplicadas quando os considerados
pequenos assaltos aconteciam, a situação
não tivesse chegado onde está.
A
princípio, a crença era de que, blindando
os seus carros, erguendo altos muros em suas residências
e condomínios, instalando eficientes sistemas
de segurança e contratando boas guardas particulares,
tudo estaria resolvido.
Paliativos
que não resolvem, apenas colocam enormes vendas
nos olhos de quem não quer ver. A verdade é
que agora que tudo isso se mostrou inútil, a
insegurança e o medo se alastraram entre os que
se achavam bem longe desses, que no mínimo, são
os sentimentos da grande maioria. E por conseqüência
querem ações mais efetivas e satisfatórias
no campo da segurança pública.
Mas,
o problema é mais complicado do que parece. Mesmo
por que não tem como discutir segurança
e não falar do sistema carcerário do país,
que não reabilita ninguém a voltar para
as ruas. E olha que achavam que isso era assunto para
utópicos. Isso sem falar no sistema judiciário,
com seus entraves burocráticos e leis arcaicas,
numa sociedade de poucas oportunidades, com uma polícia
mal paga, corrupta e mal aparelhada. E também
não esquecendo que o cheiro de impunidade está
presente nos ares de uma sociedade que diversas vezes
já mostrou que poucos são os ricos, poderosos
e importantes que de fato pagam por seus atos ilícitos.
Essas
são as inúmeras ramificações
que o assunto tem. E muitos foram os especialistas a
tratar disso, mas poucos os realmente interessados em
ouvir e fazer algo a respeito. Demorou, mas não
é tarde. A esperança é que agora
algo vá para o papel, ou melhor, que saia dele
e esteja nas ruas. Mais perto de todos os que vivem
nesse país do que a insegurança que agora
é a sombra que espreita na esquina.
Quem
sabe não era necessário chegar até
aqui para mudar. E que seja para melhor.
Denise
Rocha
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