Região que concentra bares e restaurantes e ganhou
fama por sua vida noturna agitada, a zona oeste de São Paulo
é também a área que lidera em casos de seqüestro relâmpago
na cidade. Das 698 ocorrências do início do ano até o último
dia 2 (incluindo os 31 de seqüestros com cativeiro), 404 foram
registradas na área. As informações são do Infocrim -a base
de dados informatizada das ocorrências policiais registradas
em São Paulo. Para a polícia, a alta concentração de bares
e o elevado número de "carros caros" que trafegam na região,
principalmente nos arredores da Vila Madalena e de Pinheiros,
são atrativos para os criminosos.
Uma jornalista da Folha sofreu um seqüestro relâmpago, na
madrugada de ontem, quando se dirigia a um bar na rua Fidalga,
na Vila Madalena (leia texto ao lado). O horário, porém, não
é o preferido dos criminosos. Isso porque, ainda de acordo
com o Infocrim, a maior parte dos crimes ocorre no início
da noite: 405. Depois da zona oeste, a região mais problemática
é a sul, com 180 casos, seguida pela leste, com 70, a central,
com 29, e a norte, com 15. As vias que mais registraram casos
de seqüestro relâmpago foram as avenidas Giovani Gronchi (10
casos), Eliseu de Almeida (9) e Heitor Penteado (7), todas
na zona oeste, e a estrada do Alvarenga (7), na zona sul.
Em alguns casos investigados na região da Giovani Gronchi,
a ação foi parecida. As vítimas eram mantidas em cativeiro
por algumas horas na favela Paraisópolis, enquanto parte do
grupo usava o cartão de crédito para fazer compras no shopping
Jardim Sul.
O Infocrim, cujos dados são de acesso exclusivo da polícia,
não separa informações referentes a seqüestros e seqüestros
relâmpagos. A Secretaria da Segurança Pública, porém, disponibiliza
os números referentes apenas aos crimes em que a vítima é
mantida em cativeiro e cujos criminosos exigem resgate: 31.
Estatísticas
O delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento
de Investigação Sobre o Crime Organizado), afirma que, no
primeiro de trimestre de 2005, ocorreram, em média, 105 casos/
mês de seqüestro relâmpago na capital. No segundo trimestre,
o número subiu para 113/mês. Ele, porém, diz que a situação
já foi pior. No último trimestre de 2004, foram em média 140
por mês.
Segundo Bittencourt, são realizados patrulhamentos e operações
nas áreas consideradas mais problemáticas. Para tentar diminuir
o número de casos, o Deic também intensificou o uso de motos
no policiamento ostensivo.
Sem tipificação no Código Penal, a polícia define seqüestro
relâmpago como um crime no qual a vítima é rendida pelo ladrão,
geralmente em seu carro, e tem de acompanhá-lo para fazer
saques em caixas eletrônicos. A ação dura cerca de duas horas.
ALEXANDRE HISAYASU
da Folha de S.Paulo
ANDRÉ CARAMANTE
do "AGORA"
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