HOME | NOTÍCIAS  | COLUNAS | MAIS SÃO PAULO | RADAR | QUEM SOMOS


Envie sua opinião



30/03/2007
Carta da semana


SÃO VITO


“Se cruzarmos a política do Sistema Financeiro de Habitação com o plano de valorização anual do Salário Mínimo, de acordo com o crescimento do PIB, podemos financiar o edifício São Vito, na cidade de São Paulo, para famílias que possuem um salário mínimo de renda. Assim se teria sessenta a noventa mil por apartamento, podendo uma parte ser usada na reforma, inclusive das fachadas, e parte na desapropriação dos apartamentos abandonados que seriam vendidos primeiramente para os antigos moradores ou os possuidores.

Isso porque hoje as parcelas dos financiamentos habitacionais são fixas e mesmo que os recursos sejam não onerosos, considerando uma taxa de seguro que pesa muito sobre uma prestação, a família com renda de um salário mínimo tem acesso a um valor de financiamento muito pequeno, no prazo que o Sistema Financeiro de Habitação concede: no máximo de 300 meses ou vinte e cinco anos.

Se, entretanto, considerarmos que foi aprovado o Plano de Valorização Anual do Salário Mínimo de acordo com o crescimento do PIB; que no prazo de trinta anos o PIB médio, conservadoramente, seja de 4% ao ano; e ainda, considerarmos nossa proposta de que a prestação e a taxa de comprometimento de renda suba anualmente na mesma proporção do aumento do salário mínimo (as taxas de comprometimento cresceriam mais lentamente), criando um sistema de prestações variáveis ano a ano, de acordo com o crescimento do salário mínimo, isto teria como conseqüência que a mesma família de um salário mínimo de renda, em trinta anos de prazo do financiamento, ficaria com acesso a uma casa ou a um apartamento de 60 mil reais.

Teríamos, assim, a passagem do imóvel de geração para geração. Sendo que se os filhos não quisessem assumir a dívida o imóvel, ou o saldo devedor, a casa iria a leilão de modo a derrubar o impacto dos seguros sobre as prestações. Se o prazo fosse de 35 anos, comum na Europa, a capacidade de acesso da família de um salário mínimo seria de 90 mil reais, pagando uma prestação que começaria por 57,00 reais crescendo ano a ano, conforme o aumento do salário mínimo.


Mas e a questão urbanística e a questão do patrimônio histórico?

Chama a atenção o valor arquitetônico de São Vito que lembra alguns edifícios de Le Corbusier, um dos mais importantes arquitetos do século vinte. Mas, quero lembrar que para o valor urbanístico: propõe a ocupação em volta do Parque Dom Pedro como forma de urbanizá-lo e revitalizá-lo, proporcionando o desenvolvimento de outros grandes segmentos, como a habitação, ao invés de se ater apenas a zona cerealista.

O Parque Dom Pedro tem tudo para ser um grande centro habitacional vertical. Colocar no chão o São Vito, quando é possível se montar uma equação financeira com recursos de famílias muito pobres (o conjunto Prestes Maia mostra que estão preparadas para habitar com dignidade), é jogar fora uma vocação para toda aquela região. Dessa forma, podia se recuperar a baixada do Glicério aumentando a densidade habitacional",
José Fabio Calazans, arquiteto – São Paulo (SP) - zecalazans@uol.com.br

 

CIDADÃO JORNALISTA é um espaço destinado aos leitores e ouvintes que ao relatarem fatos e experiências de sua cidade, comunidade e cotidiano, tornam-se repórteres por um momento.

 
 

Anteriores:
23/03/2007
Estudar para quê? O que o futuro me reserva?
16/03/2007
O Planeta agradece
09/03/2007
A Experiência de Tihar
02/03/2007
A redução da imputabilidade penal
23/02/2007
Onde está você cultura?
16/02/2007
No Brasil tudo acaba em carnaval
09/02/2007
Crônica sobre canção de ninar
02/02/2007
Carta ecológica de uma criança
26/01/2007
Casa Limpa, rua suja...
19/01/2007
Deveria ser crime culpar a natureza por acidentes
Mais textos