REFLEXÃO


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pensata
26/11/2007

É muito pior do que eu pensava

Tenho divulgado aqui estudos mostrando o que considero a maior imbecilidade brasileira: o grande número de estudantes que, por sofrerem de problemas simples de saúde (problemas de visão e audição, por exemplo), têm dificuldades de aprendizado e, assim, são condenados à marginalidade. Acaba de sair um relatório que, sem exagero, deveria deixar em pânico o presidente, governadores e prefeitos.

O relatório foi feito pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com base em 11.381 exames médicos realizados em escolas públicas da cidade de São Paulo. É a mais abrangente investigação já feita na área da saúde escolar e serve de retrato do que acontece em todo o país. Encontraram doenças em 70% daquela amostra. Eram jovens que necessitavam de atendimento de cardiologistas, fonoaudiólogos e oftalmologistas, entre outros.

Detectaram casos graves que requeriam cirurgias com urgência --casos como o de meninos cujo testículo não desce para o saco escrotal. Detectaram também estudantes com visíveis transtornos de comportamento ou com distúrbios flagrantes de aprendizado.

Para piorar a situação, as equipes da Universidade Federal de São Paulo notaram também a falta de pediatras em postos de saúde, o que dificulta o encaminhamento.

Fôssemos uma nação civilizada em que se valorizasse o capital humano, o relatório iria provocar um grande escândalo. Quantas coisas podem ser mais absurdas do que crianças que não aprendem por falta de óculos ou porque não ouvem direito?

Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
 
 
 

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